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Pernambuco: 2013 e o Futuro Próximo
Agora, diferentemente de outras épocas de maiores riscos e incertezas, há motivos para fazer boas apostas no futuro do Estado. Publicado em 27.12.2013 - Edição 795Pernambuco soube capturar os efeitos positivos do novo momento que o País experimentou no início do século XXI. Cresceu inicialmente estimulado pelo efeito do aumento da renda e do consumo — as vendas no varejo, por exemplo, cresceram 14% em 2005; 10% em 2007; e já no meio da crise mundial atingiu 12% das vendas em 2010 e 6,7% em 2011 (PMC-IBGE). Sua economia foi também impulsionada por um relevante bloco de investimentos públicos e privados, que somam, de 2007 a 2016, mais de R$ 100 bilhões, dos quais 67,5% voltados para a indústria (estimativas da Ceplan Consultoria), localizados não apenas em Suape e na Região Metropolitana do Recife, mas também na Mata Norte, no Agreste e noutras partes do Estado. Considerando, portanto, o período 2000-2012, a economia estadual se expandiu sob o comando dos segmentos de comércio e serviços e da construção civil, que registrou um acréscimo de 207% dos empregos formais entre 2002 e 2010.
O ano de 2013 assiste à continuidade do ciclo expansivo recente, devendo o PIB estadual registrar uma taxa de crescimento superior à do Brasil, segundo estimativas da Agência Condepe/Fidem. O consumo perdeu fôlego, porém se mantém mais intenso que no conjunto do País. Dados da PMC-IBGE apresentam para Pernambuco um incremento de 6,9% das vendas no acumulado de janeiro a outubro de 2013 em relação ao mesmo período de 2012, contra 4,5% do Brasil. Os investimentos industriais, no entanto, ainda não impactam nas estimativas da produção, tanto que o indicativo é para um fraco desempenho: queda de -0,1% no confronto do acumulado de janeiro a outubro de 2013 em relação a 2012, com o Brasil registrando 1,9% e o Nordeste, 1,2% (IBGE).
O que se percebe já neste ano, com efeito estendido para 2014 e 2015, é que a economia pernambucana passa a vivenciar um momento de transição: de uma etapa anterior (2000-2012/2013), marcada fortemente pelos estímulos do consumo e pelos efeitos da implantação de grandes obras, para outra etapa, em que a indústria de transformação deve ampliar sua participação no tecido produtivo estadual, devendo também gerar efeitos diretos na expansão de serviços de apoio à produção (logística, TIC, assistência técnica, manutenção, etc.) e indiretos, numa nova expansão do comércio e dos serviços pessoais e sociais.
Nesses anos de transição, a economia de Pernambuco deve continuar crescendo acima do ritmo nacional, mas em meio a uma acomodação de ciclo expansivo, ressaltando-se relativo arrefecimento, resultante especialmente da diminuição do ritmo da construção civil, com base num processo de desmobilização de grandes obras (destaque para a Refinaria Abreu e Lima e a Cidade da Copa), que já se inicia e que deve se acentuar em 2014.
A nova etapa, cujo gérmen já vinha em processo de maturação há alguns anos, vai se revelar de forma mais consistente a partir de 2015, quando estarão operando grandes empreendimentos, como a refinaria da Petrobras, a montadora de automóveis Fiat e a Hemobrás. Nessa etapa também devem avançar os efeitos encadeadores destes e dos outros grandes projetos. A mudança no perfil produtivo estadual, com a maior contribuição do setor industrial, aponta para o surgimento de novos segmentos (petróleo e petroquímica, construção naval, indústria automobilística, siderurgia, farmoquímica, material de energias renováveis) e a redefinição de segmentos tradicionais (produtos alimentares e bebidas, têxtil, metalmecânica, química); e, no bojo do dinamismo dessas cadeias, deve continuar o crescimento do setor imobiliário e se expandirem o varejo e os serviços, com destaque para os de apoio à produção.
Por tudo isso, é possível estimar que Pernambuco continue crescendo nos próximos anos, mesmo tendo muitos desafios a superar em áreas como educação, qualificação profissional, infraestrutura. Mas agora, diferentemente de outras épocas de maiores riscos e incertezas, há motivos para fazer boas apostas no futuro do Estado. Cabe aos pernambucanos fazer da melhor forma o dever de casa e esperar ventos menos turbulentos na conjuntura mundial e nacional.