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Gestão & Inovação
Pensar em inovação implica em implantar e aperfeiçoar modelos de gestão que estimulem o potencial criativo das equipes. Publicado em 26.09.2010 - Edição 625 Inovação é a palavra da vez em gestão. Tornou-se até um certo modismo e, como tal, presta-se a ser usada de forma abusiva e banal. No entanto, modismos à parte, a inovação é um fator tão determinante para a sobrevivência e longevidade das organizações que deve ocupar, hoje, um lugar privilegiado nas reflexões e ações de todo gestor que tenha um compromisso efetivo com o futuro e a permanência de suas empresas e instituições.
E isso, de fato, vem ocorrendo. Não há dúvida de que hoje, cada vez mais, o tema vem ganhando uma importância crescente. Mas, como bem destacou Luciana Almeida em artigo publicado nesta mesma coluna semanas atrás, a inovação ainda não é alvo da atenção que merece. Para ela, os processos de inovação estão longe de ocupar o lugar de prioridades estratégicas das empresas e terminam capitaneados por segmentos específicos, geralmente os de desenvolvimento e planejamento.
Essa constatação leva à indagação: Como desenvolver uma cultura organizacional que impulsione a inovação, evitando que isso se torne um imperativo inócuo, uma prática de segmentos específicos ou de um seleto grupo de “inspirados” e “iluminados” gestores?
Com esse intuito, é preciso desfazer alguns equívocos. O primeiro e mais recorrente deles é identificar inovação a avanços e sofisticadas descobertas tecnológicas. Essa forma idealizada de ver a inovação leva a esquecer que inovar é criar. E criar é a habilidade humana que nos diferencia dos outros animais. As formigas e as abelhas são capazes de feitos extraordinários. Um formigueiro e uma colmeia são exemplos fantásticos de habilidade, disciplina e cooperação. No entanto, tanto as abelhas como as formigas nada criam ao realizar essas atividades, que se repetem como efeito de capacidades transmitidas ao longo do desenvolvimento de suas espécies. As formigas e as abelhas de mil anos atrás construíam seus formigueiros e suas colmeias da mesma forma que as atuais e as que virão nos próximos milênios. Ou seja, elas não inovam porque não têm a capacidade criativa dos humanos. Dito de outra forma, inovar é um ato criativo, e os homens criam desde que encontrem condições favoráveis para isso.
Assim, pensar em processos de inovação que permitam às organizações construírem diferenciais competitivos implica em implantar e aperfeiçoar modelos de gestão que estimulem o potencial criativo das equipes em todos os segmentos e níveis da pirâmide organizacional.
Um modelo de gestão que estimula a pertinência e o engajamento das equipes em um projeto organizacional coletivo instigante; que dá visibilidade ao sentido e à importância do trabalho de cada um para a realização desse projeto; que oferece a oportunidade de capacitação e desenvolvimento contínuos, com certeza favorece relações criativas de trabalho. A inovação é uma consequência e, ao mesmo tempo, um testemunho do inesgotável potencial criativo do homem.