Veja por autor
EAD: Bom Negócio e Ótima Solução
O Ensino a Distância vem crescendo e se consolidando como uma alternativa viável para interiorizar a educação. Publicado em 24.02.2008 - Edição 490 Se há algo novo no ar capaz de surpreender muita gente nos próximos anos é a Educação a Distância — EAD, uma das novas tecnologias do ensino. O Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância já detectou esse movimento em vários aspectos. Num deles, por exemplo, que foi o boom dos convênios educacionais entre 2005 e 2006 — crescimento de 264% —, a EAD foi responsável por parte significativa do resultado. Os alunos de cursos a distância conveniados subiram de 10% para 23,6% do total de estudantes da modalidade. Muitos deles, em cursos corporativos semipresenciais contratados por empresas para o treinamento e a capacitação dos seus funcionários.
A EAD tem muitas vantagens. Por exemplo: para quem adquire o serviço o custo é bem menor, pois se evita todo um conjunto de despesas com espaço físico, segurança, transporte, alimentação fora de casa, etc. Para quem oferece, é uma oportunidade de atingir um público maior e oferecer-lhe um produto de qualidade graças a uma maior facilidade de controlar os atos educacionais.
A Anhangüera Educacional, empresa surgida em 1994 e adquirida pelo Banco Pátria em 2003, é um bom exemplo disso. Depois de chegar ao Mercado de Capitais com grande sucesso, chamando a atenção e atraindo o dinheiro de investidores importantes, o grupo adquiriu a Uniderp, de Mato Grosso do Sul, por R$ 247 milhões. A Uniderp já tinha autorização para realizar cursos a distância, que faltava no mix de produtos da adquirente.
A Associação Brasileira de Educação a Distância - Abed, que é filiada ao International Council for Open and Distance Education - ICDE, informa que, entre 2003 e 2006, houve um crescimento de 571% no número de cursos de graduação oferecidos em EAD no Brasil. Eles saltaram de 52 para 349! A tendência é inexorável, e a oportunidade para organizações do setor se assemelha ao crescimento vertiginoso das faculdades privadas entre os anos 90 do século passado e os primeiros anos deste século.
O desafio está na qualidade de um serviço novo e ainda pouco conhecido do público consumidor. O preconceito ainda desafia a credibilidade dos produtos. O aumento da regulamentação e o acompanhamento por um número cada vez maior de consumidores devem provocar uma salutar "seleção natural", com a tendencial permanência dos melhores gestores e dos melhores produtos. A denominação da sigla EAD ainda aparece para muita gente como uma aventura educacional, na qual os alunos ficariam diante dos computadores ou de terminais conectados por satélite em suas casas ou em salas técnicas sem nenhum controle didático-pedagógico. Para a maioria dos cursos, porém, há exigências presenciais em avaliações e parte das aulas são assistidas em salas especiais com a presença de professores tutores. Trabalhos conclusivos são defendidos pelo estudante por meio de viva-voz. Mais correto para esses cursos seria a sigla ESM [ESP?], ou seja, Educação Semipresencial.
A entrada forte do Sistema Federal de Ensino Superior nesse mercado é um marco positivo. A Universidade Aberta do Brasil - UAB, já disponibiliza milhares de vagas em cursos ofertados por universidades federais de todo o País. Na UAB, como na maior parte dos cursos a distância, o ensino é semipresencial.
O Brasil nasceu agarrado ao litoral. A maioria das principais cidades do País ainda se encontra diante do mar. A EAD é também uma oportunidade de realização de um princípio educacional da Responsabilidade Social, ou seja, o de interiorizar a educação, além de oferecê-la, na alternativa pública, para os segmentos mais pobres da Nação. O Desenvolvimento Sustentável de um país continental como o nosso passa pelas novas tecnologias do ensino.