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Economia em recuperação e os empregos gerados
Publicado em 17.10.2019 -Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,4% no 2º trimestre de 2019, pouco acima do esperado na comparação com os 3 primeiros meses do ano. A indústria (0,7%) e os serviços (0,3%) puxaram os números. O Brasil gerou 43.820 empregos formais em julho, muito pouco ainda, considerando o enorme contingente de desempregados ou trabalhando na informalidade.
Um fato que pode gerar certo otimismo é que a maioria das vagas criadas foi na construção civil, considerada como grande geradora de empregos e, por efeito cascata, movimenta outros importantes segmentos da economia como o industrial e diversos da prestação de serviços.
Mais uma vez a agropecuária apresenta um bom desempenho, sendo este setor o responsável por importante participação nos negócios gerados em nosso País. Em julho, a administração pública foi o único segmento que teve mais demissões do que contratações, o que pode sinalizar o início da redução do tamanho do estado como empregador, o que é o anseio de uma sociedade que paga uma altíssima carga tributária para sustentar a máquina pesada e com baixa eficiência.
Com isto, Julho fechou com uma taxa de desemprego de 11,8%, segundo o IBGE, o que representa mais de 11,5 milhões de desempregados. Temos um longo caminho para recuperar os postos perdidos desde 2014 e não vai ser fácil.
O setor privado, notadamente as pequenas e médias empresas, são os grandes empregadores, mas estão sujeitos às normas de regularização e funcionamento que geram insegurança de toda natureza. A burocracia governamental, leis trabalhistas ultrapassadas e protecionistas, além de uma carga tributária complexa são os grandes inibidores para a abertura de vagas de empregos. Necessário e urgente que as reformas sejam feitas de forma responsável para reverter todo este cenário de incertezas, já perdemos tempo demais.
As contratações seguem um ritual parecido em todos os lugares após períodos de recessão. Inicialmente as empresas utilizam as horas extras para equilibrar o aumento inicial das demandas, em seguida contratam temporários ou terceirizam produção e prestação de serviços e só após períodos de crescimento consolidados partem para o aumento do quadro de funcionários e ampliação ou reativação de imobilizados.
Tomando um exemplo hipotético, onde havia 10 pessoas trabalhando nos bons tempos, com a crise este número caiu para 5 pessoas e dificilmente voltará para o patamar anterior. As empresas ressabiadas refizeram processos, racionalizaram posições em seus organogramas, investiram (quando possível) em equipamentos e sistemas mais eficientes ou simplesmente deixaram de atuar em segmentos e áreas com necessidade de altos investimentos e grande número de empregados.
Um grande número de profissionais que perderam seus empregos decidiu empreender e, alguns tiveram sucesso. Embora normalmente iniciem sozinhos ou com familiares, geram pouco ou nenhum emprego formal, ficando para uma segunda etapa a geração de empregos em seus negócios. O sucesso na nova atividade, quando acontece, inibe ou mesmo inviabiliza sua volta ao mercado de trabalho. Outros que não tiveram a mesma sorte (ou competência), voltam desesperadamente ao mercado, aceitando cargos e salários menores do que recebiam há cinco ou seis anos atrás. Esta é a dinâmica do mercado de contratações.
Carlos Alberto Valença, sócio da ACTbel Assessoria e Consultoria Técnica em RH, empresa integrante da Rede Gestão ([email protected])