Veja por autor
Crescendo em época de crise
É neste momento que as empresas melhoram seus processos e ferramentas de controle. Publicado em 13.06.2015 - Edição 871Já sabemos que o Brasil enfrenta uma crise séria que requer ajustes exigentes ao longo de 2015 para permitir que o País volte a crescer a taxas mais animadoras no ano seguinte. Além disso, as análises indicam que, antes de a economia começar a melhorar, ainda deve se retrair mais. No entanto, no dia a dia do trabalho como consultor, é possível observar que algumas empresas estão se saindo bem no enfrentamento da crise e efetivamente conseguindo aproveitar as oportunidades do momento.
Nos períodos de alta do mercado, é natural que o esforço empresarial seja direcionado para o atendimento da demanda crescente. Não raro os problemas inevitáveis da gestão são contornados no sentido de não atrapalhar muito o crescimento possível no momento, mesmo que sejam adotadas soluções provisórias. Nas fases de menor dinamismo econômico, como a atual, os gestores precisam se dedicar à análise e execução dos ajustes necessários de forma mais criteriosa, implantando soluções que tenham impacto estrutural, como a preservação do caixa e programação dos investimentos, o redimensionamento da equipe, os ajustes de processos para ganho de produtividade, o reposicionamento comercial com foco no que é essencial, entre outros.
O movimento natural das empresas quando se deparam com um cenário de retração é partir para a redução de custos. Normalmente isso precisa ser feito, mas é importante considerar quais custos cortar e de que forma. As empresas que já trabalham com um modelo de gestão estratégico provavelmente devem ter uma estrutura de custos ajustada e não há muita “gordura” para eliminar. Mesmo assim, pode ser uma oportunidade de redesenhar processos para buscar ganho de produtividade.
Outra oportunidade é a maior disponibilidade de tempo da equipe para reuniões e treinamentos, uma vez que o ritmo do mercado diminui. Nas reuniões internas, a discussão de alternativas de inovação fortalece a empresa na medida em que reforça sua competitividade e anima o grupo para a construção do futuro. Também podem ser feitos treinamentos operacionais coordenados pelos próprios profissionais da empresa. Podem ser trabalhados temas diversos, como capacitação em processos, treinamento para uso do sistema de informação, melhoria do padrão de atendimento aos clientes, entre outros. Além disso, é interessante preservar minimamente o investimento no desenvolvimento dos gestores estratégicos como uma demonstração de aposta no futuro.
Períodos de crise exigem um maior acompanhamento do mercado, com atenção redobrada às necessidades dos clientes e em como ajudá-los a enfrentar a crise. É preciso também estar alerta às movimentações da concorrência, assim como dos principais fornecedores, sob pena de ser surpreendido por uma ruptura no fornecimento dos insumos para o negócio.
Por fim, não se deve se deixar abalar excessivamente pelas notícias que rolam na mídia e nas rodas de conversa, muito menos esperar encontrar soluções fáceis. Os ajustes necessários devem, sim, ser feitos para se manter o rumo estratégico do negócio. Para que as mudanças mais importantes aconteçam, é preciso que algo perturbe suficientemente a empresa a ponto de ameaçar sua sobrevivência. Ou seja, a crise é uma oportunidade para fazer as grandes viradas, ganhar experiência e consistência do negócio e, sobretudo, progredir pessoal e empresarialmente.