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Gerenciamento de Riscos nas Empresas
Cada vez mais usada, essa ferramenta de gestão permite o acompanhamento e a avaliação das variáveis que podem impactar o negócio decisivamente, prevenindo crises. Publicado em 17.08.2013 - Edição 776Pode-se dizer que o risco é um conceito inerente a qualquer atividade empresarial. Quem investe ou empreende sabe que os resultados dependem de vários fatores, externos e internos, e a possibilidade de “algo não dar certo” está sempre presente no dia a dia da gestão.
O escritor e economista norte-americano Peter Lewyn Bernstein tem uma frase que ilustra bem esse fenômeno: “Quando investidores compram ações, cirurgiões realizam operações, engenheiros projetam pontes, empresários abrem seus negócios e políticos concorrem a cargos eletivos, o risco é um parceiro inevitável. Contudo, o risco não precisa ser hoje tão temido: administrá-lo tornou-se sinônimo de desafio e oportunidade”.
Se não é possível eliminar totalmente os riscos, mesmo porque as chances de aproveitamento das oportunidades seriam suprimidas, a necessidade de gerenciá-los ganha cada vez mais importância. Na prática, esse processo permite que os gestores reflitam de forma estruturada sobre as variáveis que podem afetar a dinâmica e os resultados do negócio, discutindo alternativas concretas caso “o pior venha a acontecer”. Em tempos de incertezas crescentes, o raciocínio sobre os cenários mais pessimistas é um mecanismo que pode ser determinante na disputa por um lugar no futuro. No mínimo, caso a alternativa desfavorável se concretize, sai na frente quem pelo menos raciocinou sobre aquela possibilidade.
O escopo de análise varia de acordo com o perfil da empresa, já que cada atividade tem suas características específicas, mas basicamente os riscos podem ser de origem externa: políticos, econômicos, sociais, ambientais, tecnológicos e legais; ou interna: financeiros, pessoais, tecnológicos, de conformidade, de inovação, entre outros. O exercício básico é construir alternativas de cenários possíveis para cada variável e desenvolver o raciocínio estratégico para responder à seguinte questão: se o pior cenário se concretizar, o que a empresa deve fazer? Por exemplo, qual o risco de um grande contrato ser interrompido de supetão? Se isso acontecer, o que fazer? Caso um grande fornecedor interrompa o fornecimento de uma matéria-prima essencial, qual a alternativa? Ou, ainda, se um grande concorrente entrar no mercado local de forma agressiva, como competir com ele?
Esse processo envolve cinco passos: (1) identificação das variáveis que impactam no negócio, (2) avaliação do grau de risco (pouco, médio, alto impacto), (3) tratamento, (4) monitoração e (5) informação. Um gerenciamento eficaz dos riscos requer diversos cuidados, desde a definição de papéis, responsabilidades e desenho dos processos críticos à governança do gerenciamento de riscos, implantação de sistemas de controle e comunicação, entre outros.
Porém, mais que definir processos, é preciso que os princípios e a importância dessa ferramenta estejam disseminados entre a equipe e incorporados ao planejamento da empresa. Do ponto de vista estratégico, é muito arriscado não pensar sobre a pior alternativa com receio de que ela possa acontecer. No que diz respeito à gestão de riscos, é prudente ser paranóico!