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Desafios Ampliados para Pernambuco em 2013
Embora o Estado mantenha o ritmo de crescimento, a reorganização da economia no médio e longo prazos ainda depende da superação de graves gargalos internos. Publicado em 21.12.2012 - Edição 742Após conviver com um contexto de grande dificuldade nas décadas finais do século XX, a economia pernambucana se reposicionou e vem apontando para um novo ciclo expansivo e para mudanças importantes no seu perfil produtivo e na configuração espacial de seu desenvolvimento.
Pernambuco soube capturar os efeitos positivos do novo momento do País a partir do século XXI, marcado pela melhora do quadro macroeconômico e pela consolidação de um novo padrão de crescimento caracterizado pelo aumento da renda e do consumo. Tanto que foi no bojo do dinamismo do mercado interno que suas atividades comerciais e de serviços começaram a ser dinamizadas. As vendas no varejo, por exemplo, cresceram 14% em 2005, 10% em 2007, e, já no meio da crise mundial, atingiram 12% das vendas em 2010 e 6,7% em 2011 (PMC-IBGE).
Aliado a esse impulso e embalado pela melhoria do padrão de consumo, também engatou um novo ciclo de modernização e crescimento de sua base econômica, puxado pelo elevado aporte de investimentos públicos e privados, que somam, considerando o horizonte de 2008 a 2016, mais de R$ 78 bilhões, dos quais R$ 69 bilhões produtivos (estimativas feitas pela Ceplan Consultoria), localizados não apenas na RMR e em Suape, mas na Mata Norte, no Agreste e noutras partes do Estado.
Um impacto inicial importante desse novo ciclo foi sentido na construção civil, tanto voltada para plantas produtivas quanto para a infraestrutura — setor que registrou um acréscimo de 207% dos empregos formais entre 2002 e 2010 (o incremento do total de empregos no Estado nesse período foi de 62,8%). Mas o impacto maior se vislumbra com a operação dos grandes empreendimentos, que apontam para mudança no perfil produtivo, especialmente no setor industrial, com o surgimento de novos segmentos (petróleo e petroquímica, construção naval, indústria automobilística, siderurgia, farmacoquímica, material de energias renováveis) e a redefinição de segmentos tradicionais (produtos alimentares e bebidas, têxtil, metalmecânica, química). Adicionalmente, assiste-se a um boom do setor imobiliário (a exemplo do Convida Suape e da Cidade da Copa) e à nova expansão do varejo moderno (especialmente shopping centers); bem como ao crescimento dos serviços de apoio à produção (logística, TIC, assistência técnica, manutenção, etc). Vale ressaltar ainda a ampliação e melhoria de sistemas infraestruturais (viário, portuário, aeroportuário, hídrico, urbano).
Por tudo isso, é possível estimar que Pernambuco ainda mantenha bom ritmo de crescimento nos próximos anos. No entanto, a reorganização de sua economia não está assegurada no médio e longo prazos, na medida em que convive ainda com graves estrangulamentos internos e com incertezas no cenário da economia internacional e nacional. Mesmo tendo alguns diferenciais competitivos e com os investimentos estruturadores previstos, o Estado enfrenta gargalos fortes: nos recursos humanos (carência de pessoal qualificado para as novas demandas da moderna economia); na qualidade e no nível da educação (ainda precários); nas deficiências de competitividade e perfil cultural do empresariado local; nas condições precárias de vida da maioria da população; na degradação dos espaços urbanos; na persistência de deficiência na infraestrutura econômica; e nas dificuldades de gestão da máquina pública, sobretudo dos municípios.
Ainda temos um longo caminho a trilhar no esforço de alcançarmos um desenvolvimento sustentável que alcance o maior número possível de pernambucanos, mas agora, diferentemente de outras épocas de maiores riscos e incertezas, temos motivos para fazer boas apostas no futuro de Pernambuco. Cabe a nós, pernambucanos, fazermos da melhor forma o dever de casa.