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Economia Criativa – Os Desafios de Pernambuco

Se quiser manter sua vocação para o protagonismo nesta nova economia, o Estado precisa apostar na inovação.
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Publicado em 05.07.2012 - Edição 718

          Pernambuco sempre foi reconhecido por sua diversidade cultural. As múltiplas influências que sofremos das mais diversas culturas com que convivemos nos diferenciaram como sociedade. Fomos talhados no desafio da dura convivência nos trópicos, em terreno nada fértil para a agricultura e desprovido de qualquer virtude para a pecuária. 

          Hoje estamos, através de ciclos sistemáticos de desenvolvimento e inovação, alimentando o mundo com a nossa agricultura e nossa pecuária. A cana-de-açúcar e seus derivados foram a mola mestra do desenvolvimento. Criatividade e inovação portuguesa adaptaram as engenhocas da produção de azeite de oliva para a produção do açúcar a ser refinado na Europa. Gado bovino foi trazido das colônias portuguesas. O resultado, compartilhamos hoje.
          A industrialização chegou ao Brasil nos anos 1950, irradiando-se no centro-sul do País. Chegou mais atrasada ainda em Pernambuco. Pegamos o último vagão do trem da Segunda Revolução Industrial.
          As características pernambucanas, contudo, não favorecem nossa coadjuvância. Nascemos para ser locomotiva. Ser vagão é como abrir mão de toda uma história de lutas e conquistas, de defesa de virtudes e de valores. Protagonismo é quase sinônimo de pernambucanidade.
          A nossa economia sempre foi criativa, adaptou-se e adapta-se aos percalços socioeconômicos do mundo globalizado. Resta-nos o desafio da inovação. A economia criativa que queremos é aquela que muda a nossa vida e que nos permite deixar de legado tudo de mais e de melhor do que recebemos. Há muito não conseguimos pensar diferente. 
          Não há mais espaço inovador para os segmentos econômicos da economia tradicional que compartilhamos. Chegou o tempo da nova cultura empresarial, do design, da moda, da gastronomia, do artesanato, da arquitetura, do urbanismo, das mídias, dos jogos. É chegada a hora da valorização da cultura do homem, da cultura da sociedade. É tempo de se valorizarem os empreendedores humanísticos, aqueles que produzem e vendem comportamentos, sensações e sentimentos, em vez de produzirem e venderem apenas coisas. 
          Precisamos nos adaptar a este novo Pernambuco, o Pernambuco de Suape, da refinaria, da petroquímica, do polo automotivo, do polo farmacoquímico, elementos estruturadores para o novo Pernambuco. O Pernambuco da gastronomia, do artesanato, do turismo, do design, do urbanismo, da moda, das mídias. O Pernambuco dos homens e das mulheres de Pernambuco, e não apenas o Pernambuco das coisas de Pernambuco. 
          Para isso, precisamos ser inovadores em outros setores. Precisamos inovar nas políticas de fomento. Precisamos inovar nas políticas de educação. Precisamos desenvolver habilidades e métricas que possam visualizar e  maximizar esses potenciais criativos. Precisamos de salvaguardas, papel protetor da sociedade, executado pelo Estado. Precisamos de indução ao empreendedorismo e ao risco, precisamos de financiamento. Precisamos de ousadia, precisamos de orgulho e precisamos de acesso a mercados. Precisamos olhar pro nosso passado com orgulho. Mas precisamos mais ainda. Precisamos ser o orgulho dos nossos filhos e netos. 
 

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