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Sustentabilidade na Ordem do Dia

Campanha da Fraternidade 2011 da CNBB promove reflexão sobre a Fraternidade e a Vida no Planeta.
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Publicado em 24.04.2011 - Edição 655

          Fraternidade e a Vida no Planeta é o tema deste ano da Campanha da Fraternidade realizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), encerrada no Domingo de Ramos. Embora ainda muito focada nas mudanças climáticas, a Igreja Católica busca discutir temas que sejam uma oportunidade de reflexão para a sociedade viver melhor. Segundo a CNBB, “o ser humano precisa assumir seu papel de cocriador na criação, enquanto administrador de tudo o que foi criado por Deus”. Não é à toa que a Igreja escolheu o lema Sustentabilidade, provocando a reflexão e ampliando esse debate junto aos fiéis. 
          Se inicialmente ainda era associado exclusivamente a uma preocupação com o meio ambiente, o conceito de Sustentabilidade evoluiu, incorporando também aspectos econômicos e sociais e entrando na ordem do dia de organizações, empresas e governos em todo o mundo. 
          No ambiente corporativo, empresários e gestores costumam esboçar duas reações quando se deparam com a questão da Sustentabilidade. Parte abre um sorriso e diz que sua empresa já desenvolve ações de Responsabilidade Social — apoia uma instituição filantrópica na comunidade vizinha ou faz a coleta seletiva de lixo. Outra parte torce o nariz e, mesmo sem coragem de admitir publicamente, acredita que Sustentabilidade é sinônimo de aumento de custos, logo um princípio incompatível com o desenvolvimento e a competitividade da empresa. 
          Embora muito comuns, as duas visões estão igualmente equivocadas. Primeiro porque a Sustentabilidade vai muito além de praticar ações inspiradas no princípio da Responsabilidade Socioambiental. De acordo com o sociólogo inglês John Elkington, um dos maiores especialistas mundiais no assunto, o tripé da Sustentabilidade é o chamado PPP: people, planet and profit — pessoas, planeta e lucro. Ou seja, é sustentável quem consegue ser, ao mesmo tempo, socialmente justo, ambientalmente sustentado e economicamente rentável. 
          Segundo porque essa fórmula rende, sim, ganhos e competitividade para a empresa. Na verdade, vai além disso. Mais do que uma tendência ou modismo, ser sustentável é uma exigência para quem pretende tornar-se ou manter-se competitivo. Logo, para ser sustentável e garantir seu lugar no futuro, a empresa precisa pensar estrategicamente e formular sua atuação nestas três frentes: (1) social – Mais do que apoiar projetos ou entidades, significa estabelecer relações éticas com todos os seus públicos, os chamados stakeholders, que se traduzam em melhorias e benefícios concretos para o conjunto da sociedade; (2) ambiental – Repensar ações e rotinas internas, adotando mudanças nos processos da empresa para torná-los mais eficazes do ponto de vista ambiental; (3) econômica – Ser rentável praticando uma gestão ética, seja na definição de preços e margens de lucros, seja nas relações com os concorrentes, parceiros, fornecedores e governos.
          Não há uma receita pronta ou fórmulas mágicas para uma empresa se tornar sustentável. Mas, para quem deseja enfrentar esse desafio, valem algumas recomendações iniciais. (1) Olhar para dentro da empresa e analisá-la. Como ela é vista? Com quem se relaciona? Que potencial tem para enfrentar esses desafios? Em que frentes pode atuar? (2) Mobilizar as pessoas nesse projeto. Envolver os empregados na adoção de boas práticas, estimular a inovação. Muitas vezes, bons resultados vêm de mudanças simples, como um novo olhar sobre uma rotina ou processo. (3) Inserir a Sustentabilidade no dia a dia da empresa e incorporá-la à estratégia do negócio. O projeto só irá para frente se os gestores estiverem verdadeiramente mobilizados e comprometidos.
 


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