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A Oportunidade da Inovação
É preciso fugir da armadilha de viver “apagando incêndios” e fazer com que a inovação saia do papel. Publicado em Sun Sep 12 14:17:00 UTC 2010 - Edição 623 Uma das premissas mais antigas da gestão diz respeito às mudanças organizacionais: “ou as empresas mudam ou desaparecem”, já se disse com muita propriedade. Hoje, mais do que nunca, em face da intensa competição deflagrada pelo avanço inexorável da globalização da economia, tem-se propagado a necessidade de mudar para sobreviver. E a melhor maneira de mudar para sobreviver e avançar é através da inovação.
Por sinal, inovação passou a ser uma das palavras da vez no campo da gestão moderna, e aqueles que pensavam tratar-se de apenas mais um modismo, como tantos outros, podem estar enganados. A inovação — a capacidade de implantar algo novo ou de transformar de forma pioneira algo que já existe, agregando valor ao negócio, forçando-o a se diferenciar e avançar — vem definitivamente mudar a cultura organizacional competitiva e deveria, portanto, receber atenção especial dos gestores e dirigentes. Na verdade, apenas atenção pode ser ainda insuficiente. A depender da natureza do negócio, os processos de inovação, que nas empresas estão capitaneados pelas áreas de P&D (Planejamento e Desenvolvimento), deveriam ser tratados e reforçados como prioridades estratégicas.
Um exemplo da McDonald’s: buscando se inserir no universo das empresas que se preocupam com a sustentabilidade e corresponder à tendência da sociedade de valorizar um consumo mais consciente e saudável, a empresa de fast-food divulgou recentemente, dentre outras, uma inovação no seu processo de abastecimento de caminhões. Agora, o óleo de cozinha utilizado nas frituras será transformado em biodiesel, que servirá para abastecer a frota.
O que a McDonald’s e outras grandes empresas que estão investindo em P&D têm em comum? A reposta pode ser encontrada na competência de ultrapassar a etapa de planejamento e tirar a ação efetivamente do papel, ou seja, colocá-la em prática.
Isso porque é comum observar que boa parte das empresas entende a importância da inovação para os seus negócios e até chega a tratá-la como uma prioridade estratégica. Porém, muitas vezes, a ação de inovar não ultrapassa a fase do planejamento. Segundo Daniel Kahneman, psicólogo e Prêmio Nobel de Economia, citado na revista Época Negócios de junho deste ano, isso ocorre porque as pessoas tendem a reagir com mais intensidade quando se percebem diante de uma ameaça do que de uma oportunidade.
Em sendo assim, a armadilha está posta. Responder apenas às ameaças pode significar viver “apagando incêndios” e não se preparar adequadamente para o futuro aproveitando bem as oportunidades que surgem. Como resultado, as empresas que assim procedem perdem competitividade. Talvez seja preciso entender que não se preocupar com a inovação pode vir a significar uma ameaça fatal à sobrevivência.