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Gestão do Livro
O processo de produção de um livro vai muito além de simplesmente escrevê-lo, envolvendo um elaborado trabalho de gestão. Publicado em 29.11.2009 - Edição 582
Cada vez mais, vemos profissionais às voltas com livros — não só escrevendo-os ou participando como autores, mas organizando-os e coordenando-os. Descobrem, assim, que livros, ainda que fetiches de uma época recente, não têm mistério, têm, sim, muito trabalho, envolvendo diversos aspectos gerenciais, a exemplo da formação e coordenação de uma equipe multidisciplinar, de atendimento a essa equipe, de custos, de projeto (com tudo o que um bom projeto implica), de esforço e mobilização para fazer acontecer o produto ou serviço que é o próprio livro.
Mas nem sempre, em meio às mudanças induzidas pelas novas tecnologias, os profissionais estão preparados para a confecção de um livro. O imaginário ainda existente e disseminado é o de que o livro é algo puramente intelectual. Pensa-se no texto do livro como o próprio livro, quando é certo — como lembra o historiador Roger Chartier — que “autores não escrevem livros, escrevem textos”. Ora, é fato que editores e gráficos sempre, de certo modo, experimentaram no seu cotidiano profissional essa visão de Chartier. A novidade é que mais e mais profissionais de diversas áreas começam a tomar conhecimento disso, já que o processo de edição praticamente transbordou dos círculos mais restritos, abrindo-se para muitos que o desconheciam do ponto de vista da gestão.
Por força, repito, das novas tecnologias, a materialidade do livro nunca esteve tão à mostra, lembrando a todos que o trabalho, não obstante os avanços técnicos, é árduo e requer uma continuada atenção para a qualidade do produto final. Por isso, é frequente os profissionais se surpreenderem com a quantidade e a abrangência do trabalho a ser desenvolvido ao longo de todo o processo. É preciso, mesmo que óbvio, ressaltar que a aparente simplicidade do produto — o livro — esconde e camufla a complexidade da gestão que o envolve. O foco final sobre a autoria desvia a atenção dos bastidores, em que a “linha de montagem” implica centenas e centenas de decisões e o encaixe das mais diversas peças — desde questões linguísticas e semânticas a questões de ordem mais tangível, a exemplo da tipográfica, da programação visual, do público-alvo, do marketing, da venda e da distribuição, dos direitos autorais. Enfim, o livro na prateleira — objeto de desejo de autores e leitores — traz em torno de si toda a gravitação de um universo profissional “invisível”. Nesse sentido radical, nunca é “barato”, pois guarda em sua história um labor a ser reconhecido e valorizado. Labor no qual se amalgamaram arte e técnica, trabalho e gestão.
Noutras palavras, a arquitetura do livro, hoje talvez mais do que nunca, requer não só projeto, mas capacidade de bem executá-lo no âmbito da complexidade das novas relações sociais, nas quais o trabalho em equipe e em parceria exige de cada um de nós uma responsabilidade ativa, participante e redobrada. Por isso, na minha experiência à frente da Consultexto, o que posso observar é que, mais que de técnica — uma commodity para a qualidade —, o que se necessita aprimorar, cada vez mais, é a própria gestão.
Mas nem sempre, em meio às mudanças induzidas pelas novas tecnologias, os profissionais estão preparados para a confecção de um livro. O imaginário ainda existente e disseminado é o de que o livro é algo puramente intelectual. Pensa-se no texto do livro como o próprio livro, quando é certo — como lembra o historiador Roger Chartier — que “autores não escrevem livros, escrevem textos”. Ora, é fato que editores e gráficos sempre, de certo modo, experimentaram no seu cotidiano profissional essa visão de Chartier. A novidade é que mais e mais profissionais de diversas áreas começam a tomar conhecimento disso, já que o processo de edição praticamente transbordou dos círculos mais restritos, abrindo-se para muitos que o desconheciam do ponto de vista da gestão.
Por força, repito, das novas tecnologias, a materialidade do livro nunca esteve tão à mostra, lembrando a todos que o trabalho, não obstante os avanços técnicos, é árduo e requer uma continuada atenção para a qualidade do produto final. Por isso, é frequente os profissionais se surpreenderem com a quantidade e a abrangência do trabalho a ser desenvolvido ao longo de todo o processo. É preciso, mesmo que óbvio, ressaltar que a aparente simplicidade do produto — o livro — esconde e camufla a complexidade da gestão que o envolve. O foco final sobre a autoria desvia a atenção dos bastidores, em que a “linha de montagem” implica centenas e centenas de decisões e o encaixe das mais diversas peças — desde questões linguísticas e semânticas a questões de ordem mais tangível, a exemplo da tipográfica, da programação visual, do público-alvo, do marketing, da venda e da distribuição, dos direitos autorais. Enfim, o livro na prateleira — objeto de desejo de autores e leitores — traz em torno de si toda a gravitação de um universo profissional “invisível”. Nesse sentido radical, nunca é “barato”, pois guarda em sua história um labor a ser reconhecido e valorizado. Labor no qual se amalgamaram arte e técnica, trabalho e gestão.
Noutras palavras, a arquitetura do livro, hoje talvez mais do que nunca, requer não só projeto, mas capacidade de bem executá-lo no âmbito da complexidade das novas relações sociais, nas quais o trabalho em equipe e em parceria exige de cada um de nós uma responsabilidade ativa, participante e redobrada. Por isso, na minha experiência à frente da Consultexto, o que posso observar é que, mais que de técnica — uma commodity para a qualidade —, o que se necessita aprimorar, cada vez mais, é a própria gestão.