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|Gestão de Negócios - Planejamento - Sérgio Ferreira

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É a Administração, Estúpido!

Gatilhos da crise, a falta de controle e a ausência de regulação do mercado são problemas de gestão, não de economia.
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Publicado em 08.11.2009 - Edição 579
          Proponho que a frase famosa de um assessor de Bill Clinton — “É a economia, estúpido!” —, frequentemente repetida e originalmente usada na campanha presidencial de 1991, seja ajustada, trocando economia por administração. De fato, é comum tomar questões bem mais amplas como sendo exclusivamente problemas da economia.
          Serve de exemplo a recente crise econômica, gerada nos dezesseis anos de governo de Clinton e Bush filho. Hoje se tem certeza de que o motivo da crise foi a falta de controle e de regulação dos mercados, alimentada pela ganância de quem faz tudo por dinheiro e poder. Ressalta-se que falta de controle e de regulação é problema de administração, não de economia. No momento, a ciência econômica está mostrando que tem os caminhos para corrigir, mas precisa que a administração pública os coloque em prática. A maioria dos governantes do agora instituído G-20 concorda que precisa de mais governança nos mercados.      
          Governança está se tornando a palavra da moda, mas não passa de um sinônimo de gestão, administração e organização. Todavia, incorpora com vigor a questão da transparência na ação administrativa.
          Vale registrar que administrar é muito mais que cuidar das finanças. Realmente, de forma semelhante à atenção com os recursos financeiros, a arte e técnica de bem administrar permeia toda a organização e segue processos, normas específicas e padrões de qualidade. No nível micro e fabril, é mais fácil exemplificar para fazer perceber que administrar é basicamente estar atento a: (1) os insumos (matérias-primas e materiais secundários) e os estoques; (2) a produção (processos, tecnologia e instalações); (3) as vendas e o marketing; (4) a inovação e engenharia (criatividade como um todo); (5) as pessoas (recursos humanos internos, clientes, fornecedores); (6) a sustentabilidade da natureza e das comunidades no entorno; (7) o lucro (contas a pagar e a receber, inclusive os impostos); (8) a logística (recepção de insumos e entrega da produção); (9) as leis, os contratos e eventuais descumprimentos (área jurídica); (10) a gestão do conhecimento (tudo deve ser registrado sistematicamente).
          Ademais, em todos esses campos, bem como em qualquer área de organizações voltadas para a prestação de serviços, Terceiro Setor ou governo, administrar, de forma sintética, também requer: (I) observar a realidade na qual se deseja interferir; (II) planejar a interferência nessa realidade, prevendo as consequências e sem esquecer o entorno; (III) executar o que foi planejado, operando no dia a dia; (IV) avaliar constantemente se a execução segue, em linhas gerais, o planejado; (V) corrigir o planejamento; e (VI) observar, planejar, executar, avaliar, corrigir... eternamente.
          No nível macro, a predominância da visão dos problemas sociais pelo viés econômico pode ter origem no fato de a economia ter sido a primeira ciência social a se firmar com um arcabouço teórico. Consolidou-se, por um lado, quando Karl Marx afirmou que a economia é o eixo da história (materialismo dialético) e, por outro lado, quando os liberais colocaram os preços como fatores determinantes do mundo (tudo é uma questão de dinheiro, inclusive a felicidade).
          Talvez esteja chegando o tempo de pensar que outros valores sociais e humanos devam conduzir a história. É a jovem ciência das organizações pedindo licença para tomar a liderança das mãos da impessoal ciência econômica. Afinal, qualquer pessoa administra pelo menos a sua própria vida.

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