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Gestão do Livro Impresso

Publicar um livro hoje é uma tarefa mais simples do que era há alguns anos. Mas a exigência por profissionalismo é crescente.
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Publicado em Sun Nov 02 21:58:00 UTC 2008 - Edição 526
          Enquanto o futuro não chega e a revolução digital não dá trégua, cuidemos do presente do livro impresso. Afinal de contas, mais do que nunca, as inovações tecnológicas na área gráfico-editorial, de par com muito mais qualidade, deram uma inegável visibilidade ao livro como objeto de desejo e de consumo, seja este pessoal, seja institucional. É como se o livro estivesse sendo reinventado. Basta, para a consciência desse fenômeno, um breve olhar comparativo sobre livros passados e presentes. Sem esforço, verifica-se como se ampliaram a tipologia, os gêneros, os temas e, sobretudo, o aspecto gráfico. Por outro lado, ao longo do século 20, o livro foi se dissociando de sua dominância literária ou técnica, desceu das “torres de marfim” dos “eleitos” às mais diferentes e populares praias do conhecimento e da interação humana.
          Do ponto de vista histórico, o livro, tal como hoje o conhecemos, está associado à sua costumeira forma material: o códice. No entanto, antigos suportes espantariam o homem moderno tanto quanto os livros digitais ou os livros para serem ouvidos. Basta pensar que, antes de sua forma hoje conhecida, os livros também já foram rolos, tábuas, pergaminhos!
          Mudou o mundo, e mudou o livro. Mas o que ainda está mudando é a percepção do fenômeno, sobretudo se de consumidores passarmos a produtores, se da passividade de leitores passarmos à ação. O que não significa que vá se prescindir de técnicos e intermediários. Pelo contrário. Como livro e sociedade se aproximaram ainda mais, a gestão do livro — chamemos assim —, embora perdendo muito da sua mística, tornou-se também um assunto a ser considerado e explicitado. Hoje é muito mais simples compreender e ter acesso a tal gestão. Não há mais “mistério” e, contudo, há cada vez mais uma exigência de profissionalismo nos serviços e de claro entendimento do que realmente se passa na produção de um livro.
          E o que se passa? A tecnologia ditou o caminho e, por assim dizer, deu transparência ao processo. Nesse sentido, vale observar que cada vez mais livros são produzidos fora da estrita órbita das editoras. Por sua vez, o processo técnico continua relativamente complexo (embora bem menos demorado que antes), se é que se deseja a qualidade, senão do conteúdo, pelo menos do objeto. Nesse processo, num trabalho de equipe, entram profissionais indispensáveis, a exemplo dos programadores visuais (capistas e autores de projeto gráfico), dos editores de texto, dos revisores, dos bibliotecários, dos arte-finalizadores, dos gráficos e, dependendo do tipo de livro, dos ilustradores, dos fotógrafos, dos revisores técnicos, etc. Uma equipe que, como qualquer outra, requer gestão e foco nos resultados.
          Complexo produto de um trabalho compartilhado, o livro muito “nos engana” em sua aparição pública pela simples razão de apresentar um só autor ou alguns autores ou organizadores em suas capas e folhas de rosto. Mas, como qualquer outro produto de mídia, o livro, enquanto objeto, faz “desaparecer” uma legião de profissionais que empregam trabalho e criatividade para a sua excelência. A autoria do conteúdo chama a si o foco das atenções e, assim fazendo, nos propicia esquecer o trabalho árduo dos bastidores, nos quais erros de conteúdo e de forma, versões, estratégias gráficas, conceitos e projetos parecem ter ficado “de fora” para sempre, “suplantados” pela sedução do produto final.
          Isto posto, é necessário que autores — institucionais ou não — se preocupem, ao desejar publicar livros, com uma gestão séria e técnica desse “objeto de desejo”. A boa notícia é que isso é naturalmente possível; a outra notícia é que fazer bons livros continua relativamente caro. Mas há quem pense que isso compensa os custos e, de quebra, ainda proporciona um muito específico prazer estético e a garantia de um trabalho profissional de qualidade.

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