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O Projeto Público e a Cultura do Planejamento
É impossível garantir qualidade no ambiente privado e no investimento particular se não houver garantias razoáveis da qualidade do espaço público. Publicado em 22.06.2008 - Edição 507
A rigor, espaço público e espaço privado não são excludentes, e sim complementares. A rua, a quadra, a praça, o bairro, a cidade nos rodeiam e definem o nosso patrimônio ambiental amplo, gerador da idéia de pertencimento. Somos do país, da região, da cidade, da rua, do número da casa e, conseqüentemente, da idéia de respeito.
Para respeitar, é preciso ser respeitado. Ora, se a cidade e a região são entes em permanente transformação, como conseguir as garantias necessárias para que haja um investimento público respeitando o nosso investimento particular? Os governos são passageiros, mas o Estado não é. Este objetiva o conceito de patrimônio no sentido mais amplo para hoje e para as futuras gerações.
Não há dúvida de que a realidade é extremamente complexa. Então, que atitude tomar para assegurar que um novo investimento seja capaz de atingir o máximo de benefício socioeconômico espacial? Certamente não há saída conseqüente a não ser transformar em hábito a prática estratégica do planejamento e do projeto. O projeto aqui deve ser entendido como conseqüência natural do planejamento — fenômeno que tem como objetivo simular a realidade nos seus mínimos detalhes.
Um bom projeto é um investimento poderoso, com o objetivo de visualizar a situação futura. Giulio Carlo Argan, ex-prefeito de Roma e crítico de arquitetura e urbanismo, afirmava que qualquer projeto de intervenção no espaço construído tem por obrigação, ao antever a realidade, melhorá-la. Três exemplos de projetos em Pernambuco podem ilustrar essa forma de intervir na realidade:
Ilha de Antônio Vaz - Essa expansão, ligada à origem da cidade do Recife (atuais bairros de Santo Antônio e São José), desconfigurou a paisagem original. Não se percebe mais a ilha (a cidade Maurícia, projetada e iniciada durante o governo holandês do Conde Maurício de Nassau) porque a borda não recebeu um planejamento adequado. Pesquisa de estudantes de Arquitetura e Urbanismo da UFPE, na disciplina Projeto Arquitetônico 7, propôs um parque linear em torno de toda a borda da ilha, que seria personificado através dos seus diferentes lugares (orla histórica, orla cultural, orla das cinco pontas, orla ambiental, orla cívica, orla esportiva, etc.). Dessa maneira, seria possível reconfigurar a ilha e perceber a particularidade paisagística. Assim, a urbanização e a arquitetura deveriam integrar essa nova feição da cidade do Recife.
Ligação Suape-Maracaípe - Uma proposição dos escritórios AFM e Luiz Vieira Paisagismo prevê, a exemplo do que foi feito em Cancún, México, a integração do pontal da praia do Gamboa (Norte) ao pontal da praia de Maracaípe (Sul) por uma integradora Via Parque, com aproximadamente 15 quilômetros. Essa via seria dotada de infra-estrutura para garantir identidade, deslocamento, lazer e articulação dos vários ambientes da paisagem natural e construída desse trecho do litoral pernambucano, onde estão o Porto de Suape e as praias de Gamboa, Muro Alto, Cupe, Porto de Galinhas e Maracaípe, no município de Ipojuca.
Ambiente Suape - Nos exemplos anteriores, a figura física é um elemento preexistente e estruturador que necessita ser ordenado e valorizado. No caso do ambiente de Suape, qual o seu limite territorial — em termos de figuração, área de influência física, áreas de complementaridade — para que possamos lhe dar uma identidade? Não seria o caso de mudança de abordagem da escala do município de Ipojuca para uma escala territorial? É um desafio integrar tanto no sentido Leste-Oeste (Pernambuco) quanto no sentido Norte-Sul (Paraíba, Pernambuco e Alagoas). A integração das redes infra-estruturais com o potencial paisagístico e a demanda das novas necessidades e dos novos usos arquitetônicos precisa ser planejada de forma ampla, envolvendo a maior quantidade possível de capital humano e ambiental distribuído nesse território.
Para respeitar, é preciso ser respeitado. Ora, se a cidade e a região são entes em permanente transformação, como conseguir as garantias necessárias para que haja um investimento público respeitando o nosso investimento particular? Os governos são passageiros, mas o Estado não é. Este objetiva o conceito de patrimônio no sentido mais amplo para hoje e para as futuras gerações.
Não há dúvida de que a realidade é extremamente complexa. Então, que atitude tomar para assegurar que um novo investimento seja capaz de atingir o máximo de benefício socioeconômico espacial? Certamente não há saída conseqüente a não ser transformar em hábito a prática estratégica do planejamento e do projeto. O projeto aqui deve ser entendido como conseqüência natural do planejamento — fenômeno que tem como objetivo simular a realidade nos seus mínimos detalhes.
Um bom projeto é um investimento poderoso, com o objetivo de visualizar a situação futura. Giulio Carlo Argan, ex-prefeito de Roma e crítico de arquitetura e urbanismo, afirmava que qualquer projeto de intervenção no espaço construído tem por obrigação, ao antever a realidade, melhorá-la. Três exemplos de projetos em Pernambuco podem ilustrar essa forma de intervir na realidade:
Ilha de Antônio Vaz - Essa expansão, ligada à origem da cidade do Recife (atuais bairros de Santo Antônio e São José), desconfigurou a paisagem original. Não se percebe mais a ilha (a cidade Maurícia, projetada e iniciada durante o governo holandês do Conde Maurício de Nassau) porque a borda não recebeu um planejamento adequado. Pesquisa de estudantes de Arquitetura e Urbanismo da UFPE, na disciplina Projeto Arquitetônico 7, propôs um parque linear em torno de toda a borda da ilha, que seria personificado através dos seus diferentes lugares (orla histórica, orla cultural, orla das cinco pontas, orla ambiental, orla cívica, orla esportiva, etc.). Dessa maneira, seria possível reconfigurar a ilha e perceber a particularidade paisagística. Assim, a urbanização e a arquitetura deveriam integrar essa nova feição da cidade do Recife.
Ligação Suape-Maracaípe - Uma proposição dos escritórios AFM e Luiz Vieira Paisagismo prevê, a exemplo do que foi feito em Cancún, México, a integração do pontal da praia do Gamboa (Norte) ao pontal da praia de Maracaípe (Sul) por uma integradora Via Parque, com aproximadamente 15 quilômetros. Essa via seria dotada de infra-estrutura para garantir identidade, deslocamento, lazer e articulação dos vários ambientes da paisagem natural e construída desse trecho do litoral pernambucano, onde estão o Porto de Suape e as praias de Gamboa, Muro Alto, Cupe, Porto de Galinhas e Maracaípe, no município de Ipojuca.
Ambiente Suape - Nos exemplos anteriores, a figura física é um elemento preexistente e estruturador que necessita ser ordenado e valorizado. No caso do ambiente de Suape, qual o seu limite territorial — em termos de figuração, área de influência física, áreas de complementaridade — para que possamos lhe dar uma identidade? Não seria o caso de mudança de abordagem da escala do município de Ipojuca para uma escala territorial? É um desafio integrar tanto no sentido Leste-Oeste (Pernambuco) quanto no sentido Norte-Sul (Paraíba, Pernambuco e Alagoas). A integração das redes infra-estruturais com o potencial paisagístico e a demanda das novas necessidades e dos novos usos arquitetônicos precisa ser planejada de forma ampla, envolvendo a maior quantidade possível de capital humano e ambiental distribuído nesse território.