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Imóveis e Meio Ambiente: um Encontro Necessário

As cidades começam a buscar soluções para minimizar os impactos ambientais relacionados à construção e ao uso de imóveis habitacionais e comerciais.
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Publicado em 15.07.2007 - Edição 458
A tendência mundialmente conhecida como green building ou ecobuilding é aquela que traz para o mercado imobiliário a preocupação, de maior amplitude, com as conseqüências da influência humana sobre o meio ambiente.
 Em um primeiro momento, refletindo demanda de mercado, esteve relacionada com a criação de selos de qualidade específicos — os “selos verdes” —, em países como EUA, Canadá, Inglaterra e Japão. A certificação ecológica de prédios de grande porte é compreendida como diferencial competitivo e indicador de excelência tanto da obra quanto do uso a que se destina o empreendimento.
 Os ecobuildings prosperaram sobretudo entre os grandes grupos empresariais, a maioria transnacionais, em grandes cidades do hemisfério norte. Do lado de cá do Equador, ainda há poucos exemplos, como alguns hotéis, hospitais e sedes de bancos em São Paulo.
 O segundo instante do movimento em direção à construção e ao uso imobiliário ambientalmente corretos requer decisões coletivas e um grande esforço de convencimento público. Por quê? Em países como o Brasil, a implantação de uma padronização ambiental para as construções é tarefa difícil, seja pelo custo dos materiais e das operações, seja pelas diferenças regionais que acarretam enormes distâncias nas necessidades e nas especificidades dos produtos.
 Por causa disso e em resposta àquela preocupação ambiental maior a que me referi antes, cidades como o Recife, São Paulo e o Rio de Janeiro começam a buscar soluções mais viáveis para minimizar os impactos ambientais relacionados à construção e ao uso de imóveis habitacionais e comerciais.
 Na capital paulista, o aquecimento da água pela energia solar será obrigatório para instalações com mais de três banheiros, e as que tiverem menos de três banheiros deverão possuir instalações adequadas para os aquecedores. No Rio, a prefeitura está dando prioridade à infra-estrutura urbanística no entorno de construções que adotarem medidas em defesa do meio ambiente. E, no Recife, projeto em tramitação na Câmara,  que institui o Programa de Edificações Verdes – Proverde, autoriza o Executivo a conceder incentivos para novos prédios com racionalização de energia e reaproveitamento da água.
 A realização do seminário sobre eficiência ecológica para o mercado imobiliário, no último dia 29 de maio, no Recife, veio confirmar a relevância da questão para o planeta, as cidades e, também, para os negócios. O Instituto Monitore de Estudos Ambientais trouxe especialistas sobre o tema, que falaram para um público interessado na velocidade e no alcance das mudanças que experimentamos hoje. Os professores Marcelo Romero (USP) e Vanessa Gomes (Unicamp) e o engenheiro da Camargo Corrêa Alberto Pedrini — que apresentou o caso do empreendimento Ventura Towers, no Rio de Janeiro — expuseram o que há de mais recente na certificação internacional de green building.
 O que se tornou patente no evento é a necessidade de parceria entre empresários e governos, a fim de fazer acontecer mais rápido no Brasil o encontro inexorável entre, de um lado, a indústria da construção civil e os consumidores do mercado imobiliário e, de outro, as urgentes demandas de um planeta com recursos naturais exauridos e uma biosfera em crise, cuja recuperação depende a nossa sobrevivência.

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