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Novo Não É Novidade
Muitas vezes se confunde o conceito de inovação com a criação de algo inédito. O novo, entretanto, tem outras características. Publicado em Sun Jul 08 12:39:00 UTC 2007 - Edição 457
Hoje, a pressão para se obter sucesso profissional e mostrar ao mercado uma vantagem competitiva está, indiscriminadamente, associada à capacidade de inovar, embora nem sempre esteja claro o que se entende por inovação — que não significa apenas novidade.
O trabalho do maestro pernambucano Inaldo “Spok” Albuquerque é um exemplo de que, para inovar, não basta criatividade espontânea. Atuante em um dos campos profissionais mais difíceis do País, Spok fez uma releitura do frevo, que o desatou das amarras temporais do carnaval de Pernambuco. Exatamente o contrário da grande maioria dos músicos dedicados ao frevo, cujas oportunidades de trabalho são restritas ao período momesco.
À frente da Spok Frevo Orquestra, o maestro trabalha durante o ano inteiro, atraindo um público diversificado, no Brasil e no exterior. A diferença dessa orquestra é a competência de todos os músicos para o improviso, feito com tanta singularidade que provoca a mudança de reação da platéia. As pessoas preferem ouvir a música a dançar. Segundo o próprio Spok, a intenção é mesmo colocar “a música na frente de tudo o mais”.
O sucesso dessa inovação, como de todas as outras, tem raízes na história e no conhecimento. O frevo nasceu do inconformismo dos músicos com o ritmo quadrado dos dobrados marciais. Na época, nascia o jazz-band, brotando do blues, música dos escravos negros norte-americanos. Também chegava entre nós a música européia, com os colonos brancos. No Recife, o ritmo dos dobrados misturava-se à riqueza dos ritmos dos escravos negros, a exemplo do maracatu. Agora, mais uma vez, o frevo incorpora novos elementos. Assim como aconteceu com a Música Popular Brasileira, com o advento da bossa-nova, que incorporou técnicas do jazz.
Spok fez uma imersão em composições, harmonia e modos de execução do frevo, nas últimas décadas, para revitalizar os nossos ritmos. A densidade do conhecimento e do domínio técnico fundamentou seu modo diferente de tocar. A liberdade de expressão musical, que se evidencia na beleza dos acordes dissonantes, não nega a história, os antecessores e as linhagens culturais. Tampouco pretende apagar marcas impressas desde a origem do frevo: improviso e inconformismo. Da vida dedicada à música, surge o novo que não se reduz à novidade, ao ineditismo. Novo que rompe fronteiras, solta amarras e explora possibilidades desconhecidas, não visualizadas ou negadas. Novo que faz vibrar a liberdade de quem respeita as raízes, a história e demonstra o valor do conhecimento. Novo que é verdadeira inovação.
O trabalho do maestro pernambucano Inaldo “Spok” Albuquerque é um exemplo de que, para inovar, não basta criatividade espontânea. Atuante em um dos campos profissionais mais difíceis do País, Spok fez uma releitura do frevo, que o desatou das amarras temporais do carnaval de Pernambuco. Exatamente o contrário da grande maioria dos músicos dedicados ao frevo, cujas oportunidades de trabalho são restritas ao período momesco.
À frente da Spok Frevo Orquestra, o maestro trabalha durante o ano inteiro, atraindo um público diversificado, no Brasil e no exterior. A diferença dessa orquestra é a competência de todos os músicos para o improviso, feito com tanta singularidade que provoca a mudança de reação da platéia. As pessoas preferem ouvir a música a dançar. Segundo o próprio Spok, a intenção é mesmo colocar “a música na frente de tudo o mais”.
O sucesso dessa inovação, como de todas as outras, tem raízes na história e no conhecimento. O frevo nasceu do inconformismo dos músicos com o ritmo quadrado dos dobrados marciais. Na época, nascia o jazz-band, brotando do blues, música dos escravos negros norte-americanos. Também chegava entre nós a música européia, com os colonos brancos. No Recife, o ritmo dos dobrados misturava-se à riqueza dos ritmos dos escravos negros, a exemplo do maracatu. Agora, mais uma vez, o frevo incorpora novos elementos. Assim como aconteceu com a Música Popular Brasileira, com o advento da bossa-nova, que incorporou técnicas do jazz.
Spok fez uma imersão em composições, harmonia e modos de execução do frevo, nas últimas décadas, para revitalizar os nossos ritmos. A densidade do conhecimento e do domínio técnico fundamentou seu modo diferente de tocar. A liberdade de expressão musical, que se evidencia na beleza dos acordes dissonantes, não nega a história, os antecessores e as linhagens culturais. Tampouco pretende apagar marcas impressas desde a origem do frevo: improviso e inconformismo. Da vida dedicada à música, surge o novo que não se reduz à novidade, ao ineditismo. Novo que rompe fronteiras, solta amarras e explora possibilidades desconhecidas, não visualizadas ou negadas. Novo que faz vibrar a liberdade de quem respeita as raízes, a história e demonstra o valor do conhecimento. Novo que é verdadeira inovação.