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Como Surgiram as Empresas? (1/2)
Para muita gente, as empresas teriam surgido com o Capitalismo Moderno. Mas, na verdade, elas são uma criação medieval. Publicado em 15.04.2007 - Edição 445
Curiosamente, mesmo com a importância das corporações empresariais no mundo contemporâneo, a História Empresarial ainda é pouco conhecida do grande público. Apesar de já ser amplamente utilizada como instrumento de comunicação estratégica pelas maiores empresas do mundo, tal história carece de divulgação. Para muita gente — com bom nível cultural, aliás —, as empresas só teriam surgido com o Capitalismo Moderno no século XVI, quando uma ética de origem religiosa passou a influenciar a chamada acumulação inicial de capital. Porém, a empresa no sentido que conhecemos hoje — enquanto instituição social "imortal" ou pessoa jurídica — é bem anterior. Trata-se de uma criação medieval!
Seus primórdios estão no mundo muçulmano, onde o empreendimento coletivo era temporário e chamado de muqarada. Essa empresa islâmica tinha, entretanto, sua dissolução obrigatória pelas regras de herança post-mortem do Islão quando do falecimento de seus membros. Os empreendedores cristãos imitaram tal instituição sem as restrições da lei religiosa maometana.
Mas foi o rei inglês Eduardo I (1272–1307), com o Estatuto da Mão Morta, que deu às corporações seu perfil definidor. Eduardo I percebeu que a imortalidade das corporações (e sua conseqüente inexistência do ato de herança) era um prejuízo para a cobrança das taxas da senhoridade, das quais dependia o reino. A palavra corporações, — ressalte-se — significa junção de corpos ou um só corpo "legal" composto de muitos corpos individuais. Não morrendo jamais, as corporações da época — religiosas, de confrades, profissionais e "empresariais" — estavam isentas de certas cobranças. Com a Mão Morta, Eduardo baniu das corporações o direito de aumento das suas posses territoriais, principal fonte de riqueza, poder e prestígio à época. Isso levou as corporações "empresariais" a terem como opção apenas as atividades consideradas menos nobres na Idade Média, como o comércio e as atividades financeiras. O mercado de ações, por exemplo, nasceu provavelmente nesse mesmo período nas feiras livres, com a venda de papéis para empreendimentos geralmente náuticos, comerciais e temporários (extintos logo após o retorno do navio).
Trabalhando nas atividades indesejadas pelos homens de melhor nascimento, as corporações começaram no distante século XIII o anúncio de um outro tempo na História.
A grande qualidade inicial de algumas das corporações, entretanto, foi abrir caminho para as ações de investidores que não precisavam comprometer seu patrimônio pessoal para participação em negócios capitalistas.
Assim sendo, algumas características essenciais do futuro Capitalismo Moderno já estavam lá nos primórdios das empresas: o risco empreendedor, a pessoa jurídica imortal, a possibilidade de não arriscar patrimônio familiar/pessoal no empreendimento e a necessidade de um capital inicial para a "empresa". Somente com o século XVI, contudo, surgiria a característica que tornou o capitalismo tão forte: a ética ascética e o "orgulho de ser empreendedor". Mas isso já é outra história.
Seus primórdios estão no mundo muçulmano, onde o empreendimento coletivo era temporário e chamado de muqarada. Essa empresa islâmica tinha, entretanto, sua dissolução obrigatória pelas regras de herança post-mortem do Islão quando do falecimento de seus membros. Os empreendedores cristãos imitaram tal instituição sem as restrições da lei religiosa maometana.
Mas foi o rei inglês Eduardo I (1272–1307), com o Estatuto da Mão Morta, que deu às corporações seu perfil definidor. Eduardo I percebeu que a imortalidade das corporações (e sua conseqüente inexistência do ato de herança) era um prejuízo para a cobrança das taxas da senhoridade, das quais dependia o reino. A palavra corporações, — ressalte-se — significa junção de corpos ou um só corpo "legal" composto de muitos corpos individuais. Não morrendo jamais, as corporações da época — religiosas, de confrades, profissionais e "empresariais" — estavam isentas de certas cobranças. Com a Mão Morta, Eduardo baniu das corporações o direito de aumento das suas posses territoriais, principal fonte de riqueza, poder e prestígio à época. Isso levou as corporações "empresariais" a terem como opção apenas as atividades consideradas menos nobres na Idade Média, como o comércio e as atividades financeiras. O mercado de ações, por exemplo, nasceu provavelmente nesse mesmo período nas feiras livres, com a venda de papéis para empreendimentos geralmente náuticos, comerciais e temporários (extintos logo após o retorno do navio).
Trabalhando nas atividades indesejadas pelos homens de melhor nascimento, as corporações começaram no distante século XIII o anúncio de um outro tempo na História.
A grande qualidade inicial de algumas das corporações, entretanto, foi abrir caminho para as ações de investidores que não precisavam comprometer seu patrimônio pessoal para participação em negócios capitalistas.
Assim sendo, algumas características essenciais do futuro Capitalismo Moderno já estavam lá nos primórdios das empresas: o risco empreendedor, a pessoa jurídica imortal, a possibilidade de não arriscar patrimônio familiar/pessoal no empreendimento e a necessidade de um capital inicial para a "empresa". Somente com o século XVI, contudo, surgiria a característica que tornou o capitalismo tão forte: a ética ascética e o "orgulho de ser empreendedor". Mas isso já é outra história.