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Pernambuco e a História Empresarial (2/2)

Temos uma história empresarial pouco lembrada e timidamente celebrada, mas que merece ser revisitada por cada uma e por todas as empresas.
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Publicado em 22.04.2007 - Edição 446
A trajetória das empresas costuma ser quase ignorada quando estudamos História na escola. As corporações empresariais são agentes de grande parte da história humana e, hoje, respondem pela maior parte da renda auferida. Como toda história, a empresarial tem aspectos positivos e negativos. O lado negativo, porém, é muito mais conhecido. Muitos pernambucanos, por exemplo, sabem que a economia colonial foi caracterizada pelo uso do escravismo, mas poucos de nós ponderamos a complexidade do assunto. A mesma economia movida a braços escravos criou rica tradição de saberes e fazeres e atraiu, por exemplo, o Conde Nassau, episódio histórico tão referido (uma saudade do impossível: “e se os holandeses tivessem ficado aqui?”...).

Duarte Coelho pisou nas terras pernambucanas com intenção empreendedora afortunada. Escolheu não desistir de ser donatário e trouxe família: se instalou disposto a ficar. É sensível que tenha batizado o lugar como Nova Lusitânia! Notou que não havia sentido em se embrenhar nas matas na busca de metais. Trouxe experiência já conhecida da produção do açúcar com o plantio de cana.

A “Empresa Pernambuco” precisou se relacionar com um centro avançado do capitalismo financeiro: a Holanda, região com a qual os portugueses já faziam negócios e de onde vieram empréstimos para investimentos requeridos pelo “ouro branco”. Hoje, a concepção média que temos da história muitas vezes nos leva a pensar que tudo ocorria como “coisa da Coroa”. A Coroa, claro (!), tinha muito peso na sociedade nobiliárquica, mas não dispunha de recursos tão altos e excedentes para investir.

A posterior chegada dos holandeses a Pernambuco, o crescimento do comércio portuário recifense a seguir, a consolidação de uma economia mais “plural” e, tempos depois, o algodão, a usina de cana, a indústria têxtil, os serviços tradicionais e modernos... todo esse perfil implica uma fortíssima atuação empresarial. Uma história empresarial pouco lembrada e ainda timidamente celebrada, mas que merece ser revisitada por cada uma e por todas as empresas.

Para ajudar nesse resgate, convido a ler o pequeno quadro abaixo:
A história empresarial nos coloca mais para o primeiro que para o segundo grupo. Tradição rica e sólida que se reflete singularmente dentro de cada organização. Vimos domingo passado como surgiram as organizações empresariais. Só é possível compreender a identidade social de empresas e empresários se olharmos a história da instituição social empresa. Só é possível explicar a trajetória histórica no capitalismo se admitirmos o estudo da História Empresarial sem preconceitos, como indicou o mestre Alfred Chandler. No caso de Pernambuco, tem sido feito um esforço planejado para somar esta tradição de estudo da história das empresas aos saberes afortunados do Estado.

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