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Como agir em tempos de crise
Temática foi debatida durante a apresentação da Agenda TGI 2016. O consultor Francisco Cunha abordou os impactos da crise no mundo, no Brasil, em Pernambuco e no Recife. Publicado em 05.12.2015 - Edição 896Em meio à crise mais profunda dos últimos 25 anos, a economia brasileira passa por um período de purgação que, tudo faz crer, tende a se encaminhar para o final. Neste contexto nacional de recessão e crise fiscal, Pernambuco e o Recife foram também fortemente impactados. Todavia, como em outras crises anteriores que o Brasil enfrentou, esta também vai passar. Quando isso deve acontecer e o que pode e deve ser feito até lá foi o tema da palestra do consultor Francisco Cunha, diretor da TGI Consultoria em Gestão, durante o lançamento da Agenda TGI 2016, realizado no Teatro RioMar, na última segunda-feira, dia 30.
Quando se fala nos impactos da economia mundial no Brasil, deve-se ficar atento a três principais mercados: Estados Unidos, Europa e China. O aperto monetário nos Estados Unidos, com a elevação dos juros, pode começar agora em dezembro. Juros mais altos nos EUA prejudicarão diretamente o Brasil pela diminuição do fluxo dos recursos externos para investimentos. A Zona do Euro enfrenta o desafio da manutenção de uma moeda única em um mundo impactado pelas turbulências externas à Europa, que se traduzem em grandes fluxos migratórios e insegurança. O terrorismo, depois do último ataque à cidade de Paris, mostra-se mais forte e com impacto direto na economia e na sociedade. Por fim, começa a se consolidar a diminuição do ritmo de crescimento da China. Do patamar histórico de aumento do PIB em uma média de 10% ao ano, nos últimos 30 anos, consolida-se, agora, uma queda para patamares próximos a 7%.
Na abordagem do cenário brasileiro, o consultor afirmou que o País seguirá enfrentando a conjugação de duas graves crises: econômica e política. A gravidade das duas fomenta uma crise ainda maior de expectativas. A desconfiança da população faz diminuir o consumo, e há uma redução acentuada dos investimentos. E qual a saída?
Para Francisco Cunha, existem duas possibilidades: para a primeira, de fora para dentro, não tem muito o que fazer. Trata-se de observar e esperar passar. Mas, de dentro para fora, internamente nas empresas, alguns cuidados ajudam a enfrentar a turbulência. Primeiro, cuidando do caixa. Segurar despesas e alguns investimentos mais onerosos. Realmente investir no que é essencial à empresa. Depois, cuidar das pessoas. O maior bem de uma empresa são os empregados. Se tiver que reduzir o quadro, que seja com todo o respeito, preservando ainda um ambiente saudável para quem fica.
Outro ponto é manter a comunicação transparente. Deixar a equipe ciente do que está acontecendo na empresa, não esconder a informação, é a melhor saída. Quanto mais clara a comunicação, melhor para a organização. E tentar driblar a conjuntura ruim inovando. Esse período de crise pode significar oportunidade. É essencial inovar no atendimento e oferecer novos serviços. Tudo com a certeza de que a crise vai passar, e, quando isso acontecer, as empresas estarão mais fortalecidas e estabilizadas.
No capítulo sobre Pernambuco, ficou claro que, assim como a economia atual brasileira, o Estado também irá sofrer com o severo ajuste fiscal federal. Por outro lado, o consultor ressaltou que Pernambuco está muito mais fortalecido para o enfrentamento hoje devido ao boom de crescimento vivido recentemente, cenário bem diferente de crises anteriores que assombraram o País. O Estado recebeu grandes investimentos industriais e outros que ajudam a segurar o momento, mesmo requerendo trabalho árduo dos agentes econômicos e do governo. Além disso, foi destacado o perfil técnico do governador Paulo Câmara como favorável para guiar a máquina pública no período de cortes e ajustes.
Finalizando a apresentação, Francisco Cunha reforçou que o Recife, apesar de também fortemente impactado pela crise fiscal, deverá seguir com o pioneiro foco no planejamento de longo prazo. Destaque para o Projeto Recife 500 Anos, iniciado este ano. Nessa abordagem, o projeto Parque Capibaribe segue como caminho mais viável e inovador para os intensos desafios da cidade.