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A Visão do Estrangeiro Sobre o Brasil
A imagem do brasileiro no exterior apresenta pontos positivos, que podem funcionar como facilitadores na hora de fazer negócios. Publicado em Sun Dec 19 15:22:00 UTC 2010 - Edição 637 Durante muito tempo, a imagem do Brasil no exterior era imediatamente associada a alguns estereótipos — como futebol, carnaval e uma mulher de biquíni em uma das praias do Rio de Janeiro. A impunidade, clichê mais incômodo, virou folclore no cinema. Em mais de quarenta filmes estrangeiros, o bandido, no final, fugia para o Brasil.
Hoje, o País está no foco das atenções mundiais. É reconhecido como uma das principais economias emergentes do mundo, tornou-se atrativo para investimentos estrangeiros e será palco dos dois maiores eventos esportivos do planeta: a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Para os brasileiros, em especial empresários e gestores, é importante perceber como esse novo cenário está colaborando para alterar a percepção que o resto do mundo tem do Brasil. Como a visão do estrangeiro pode afetar — ajudando ou atrapalhando — o grande potencial de negócios entre as empresas do País e do exterior?
Um bom ponto de partida é a opinião dos turistas estrangeiros que visitam o Brasil. Segundo dados da Embratur, 96% dos visitantes desejam voltar ao País após conhecê-lo, um índice muito expressivo. A imagem do brasileiro no exterior também apresenta pontos positivos, que podem funcionar como facilitadores na hora de fazer negócios. A cordialidade e a simpatia, vistas como marcas registradas do povo brasileiro, ajudam a tornar os contatos profissionais mais amigáveis. A facilidade de acesso à alta direção das empresas brasileiras é outro diferencial percebido pelos estrangeiros que pode se traduzir em uma vantagem competitiva se adequadamente conduzida.
O brasileiro também é visto como um povo bastante receptivo às novas ideias e com disposição para fazer coisas novas, uma postura fundamental em um ambiente de inovação, como é a nova economia. A antiga imagem da impunidade também parece perder força. Percebe-se que o estrangeiro identifica, hoje, um movimento crescente de ética empresarial, sobretudo nos grandes centros e nas capitais do País.
Por outro lado, o Brasil ainda apresenta muitos dificultadores na hora de atrair investimentos e firmar negócios com empresas estrangeiras. Alguns bastante objetivos, como o alto custo de pessoal, a carga tributária elevada e complexa, a burocracia e os gargalos na infraestrutura, como na área de transportes. Outros de caráter mais subjetivo. O mesmo traço de cordialidade que facilita o contato pessoal pode se tornar um complicador na hora de fazer negócios pela dificuldade do brasileiro em dizer não.
Em reunião com um possível parceiro estrangeiro, por exemplo, dificilmente um empresário brasileiro diria: “Obrigado, mas não estamos interessados agora na sua proposta. Você poderia apresentá-la novamente em um ano?” A opção brasileira seria por uma via mais “diplomática”: “Gostamos muito da sua proposta, vamos analisá-la com cuidado e lhe daremos retorno” — diria o gestor, mesmo sem nenhuma intenção de concretizar o negócio nem de dar o retorno prometido. Essa postura confunde o empresário estrangeiro, acostumado a fazer negócios com objetividade e praticidade e para quem uma resposta negativa faz parte do jogo e não é sinônimo de indelicadeza ou conflito.
Potencializar esses pontos fortes e corrigir as fraquezas é a dica para quem deseja aproveitar o bom momento econômico para ampliar seu contato com parceiros internacionais, aproveitando a visão positiva que o estrangeiro tem do Brasil.