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|Gestão de Negócios - Marketing - Sílvia Gusmão

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Competência se conquista dia a dia

Grande parcela do aprendizado de gestores e executivos se dá não nas salas de aula, mas no embate cotidiano.
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Publicado em Sun May 06 12:43:00 UTC 2007 - Edição 448
Não se aprende a fazer samba no colégio, dizia o mestre Noel Rosa. Sábia visão, que não é redutível à composição musical. Silvia Lagnado, a brasileira mais bem-sucedida no mundo das grandes corporações, faz afirmação semelhante: não há escolas para executivos globais. Existem coisas que nenhum MBA pode ensinar. Não significa dizer que a formação acadêmica pode ser descartada. Significa uma advertência de que grande parcela do aprendizado se faz no embate cotidiano. No seu caso, nas salas de reuniões, que exigem capacidade de tomar decisões, de lidar com conflitos, contradições, divergências, sem perder a estratégia e o rumo das negociações e dos acordos de trabalho.

Silvia é vice-presidente sênior de uma divisão internacional da Unilever, que fatura US$ 5 bilhões por ano, correspondentes a 10% das vendas totais da companhia. Entre ela e o presidente mundial, só existe um executivo. Numa lista do Wall Street Journal, foi colocada em 21º lugar entre as 50 mulheres que terão mais impacto no mundo dos negócios, tendo sido, anteriormente, considerada como uma das dez pessoas que haviam deixado sua marca no mundo pela Advertising Age.

No momento, assume a missão de repetir na Unilever o desempenho que obteve em 2004 com a campanha mundial das “mulheres de verdade”, da Dove, cujos anúncios, veiculados no mundo inteiro, lançaram-na ao estrelato corporativo. Agora, seu desafio é bater o próprio recorde, liderando um projeto ainda secreto de alimentos saudáveis, que deverá impulsionar as vendas de alimentos temperados e congelados de marcas consagradas como Knorr, a qual apresenta crescimento abaixo dos demais produtos do mercado. Para alinhar bons resultados a práticas politicamente corretas, os produtos devem induzir as pessoas a consumirem mais vegetais. Ou seja, ela precisa provar, novamente, que tem condições de permanecer no primeiro time dos executivos globais. Time que não concede título vitalício. Time que exige a revalidação da competência profissional a partir da desenvoltura para lidar com situações inusitadas.

Silvia Lagnado avalia que o sucesso de sua carreira deve-se ao modo como reconhece suas virtudes, seus erros e seus equívocos, destacando lições que aprendeu fora da academia e que lhe deram acesso ao andar de cima da corporação: (1) Ser capaz de juntar fatos, ponderá-los e tomar decisões foi a condição considerada essencial para sua ascensão na hierarquia da empresa. (2) “Escutar e saber analisar”, consultar e ouvir muita gente foi a solução para lidar com divergências, sobretudo quando se trata de equipes multinacionais, multiétnicas e multiculturais. (3) Bancar erros e acertos com a equipe, porque individualistas são vistos hoje com reserva. (4) Saber convencer e engajar as pessoas. (5) Lembrar que liderança e criatividade se aprendem ao longo da carreira.
 
São lições simples que constam dos manuais de administração. Levá-las à prática, ou não, é o que distingue um gestor comum dos grandes executivos.

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