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Certificar e casar — parece fácil, mas não é

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Publicado em 12.03.2006 - Edição 388
Pois é. Na maioria das vezes, decidimos baseados na emoção. Decidimos pelo coração, não pela mente. Mas devemos observar que algumas decisões, sejam pessoais ou empresariais, repercutem no resto de nossas vidas. Convido-o para refletirmos sobre o lado empresarial dos processos de certificação, deixando o comportamento humano para os especialistas do tema.

Quando um dirigente decide certificar o sistema de gestão de sua organização, principalmente atendendo às Normas Internacionais, algumas vezes dedica pouca reflexão ou não tem conhecimento suficiente sobre as reais conseqüências que uma certificação poderá trazer para dentro de casa (Organização). Algumas justificativas comuns são: “Soube que meu concorrente vai certificar”, “O cliente está pressionando”, “Isso dará uma boa campanha de marketing”, ou ainda, “Todo mundo já tem, só falta a gente”. Casos como esses acontecem a todo instante, em todo o País. Tanto que, vez por outra, ouvimos algumas opiniões equivocadas sobre os impactos da certificação: “Isso só traz burocracia!”, “Minha empresa está engessada!” ou “Eles dizem que têm ISO; nem parece!”.

Existe um grande erro conceitual no momento em que o empresário busca a certificação equivocadamente: achar que todos os problemas da organização deixarão de existir. Isso gera uma enorme frustração — do presidente ao colaborador mais humilde. Em muitos casos, isso ocorre pela forma como eles são orientados durante o processo. O foco da consultoria deve estar voltado para preparar toda a empresa para se submeter à aprovação de um organismo certificador, e não apenas aplicar as ferramentas de gestão necessárias. A boa orientação é fundamental, ajuda a refletir e decidir sobre resultados obtidos, monitorar indicadores consistentes, padronizar aquilo que é necessário e, enfim, rodar o PDCA (Planejar, fazer/realizar, verificar e tomar ações) de forma consistente, atrelada à realidade da empresa.

Certificar até que não é difícil, basta uma boa assessoria e disciplina para atender ao cronograma estabelecido. E, mesmo assim, caso não as tenha, mais cedo ou mais tarde a certificação chega. O importante, antes de partir para qualquer tipo de certificação ou implementação de programas de gestão, é se perguntar: certificar ou implementar para quê? Quais os benefícios para a empresa? O comando e a equipe estão preparados para esse desafio? Estamos convictos de que este é o melhor caminho a seguir? Este é o momento oportuno? Temos a percepção de que os resultados não acontecerão em curto prazo? Caso as respostas sejam positivas, siga em frente.

Agora, manter a certificação, como dizem por aí, “são outros quinhentos”. Regar a plantinha, ou melhor, rodar o PDCA, buscando resultados consistentes, é um processo de médio ou longo prazo. Por isso, é necessário dispor de muita persistência, foco na melhoria contínua e gestão ágil. Componentes preponderantes no sucesso do Sistema de Gestão certificado. Manter os colaboradores motivados e conscientes sobre a importância da Gestão no dia-a-dia da empresa, demonstrando os resultados obtidos, é fundamental.

Portanto, planeje, reflita e pondere antes de certificar... e de se casar também.

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