Coluna

|Variedades - Qualidade de Vida - Fátima Brayner

Coluna

|Variedades - Qualidade de Vida

Veja por autor

A Cúpula C40 de Grandes Cidades

Encontro reunindo os prefeitos das maiores cidades do mundo colocou em pauta a responsabilidade das grandes metrópoles na melhoria da qualidade de vida.
whatsapp linkedin
Publicado em Sun Jun 12 20:12:00 UTC 2011 - Edição 662

          Prefeitos das quarenta maiores cidades do mundo estiveram reunidos, na última semana, em São Paulo, no encontro bianual do C40, entidade que discute alternativas, compartilha experiências bem-sucedidas e soluções para tornar as cidades mais sustentáveis. O encontro colocou em pauta um debate urgente e essencial na agenda global, embora não tenha despertado grande atenção da mídia: qual o papel das metrópoles na condução de questões vitais, como o equilíbrio ambiental e as mudanças climáticas? 
          Para a consultora Fátima Brayner, sócia da TGI e do INTG e Doutora em Engenharia Ambiental, o encontro do C40 tem grande importância pela responsabilidade crescente das cidades em relação a esses temas. “Desde 2008, quando a população urbana superou a rural pela primeira vez na História, as cidades passaram a desempenhar um papel determinante”, assinala Fátima. “A estimativa é de que, em 2015, o mundo tenha 22 megacidades, com população acima de 10 milhões de habitantes. A discussão sobre o papel dessas metrópoles na melhoria das condições e da qualidade de vida nunca foi tão urgente”, ressalta.  
          O C40 parte do princípio de que as cidades têm mais flexibilidade para adotar medidas sustentáveis, enquanto os países terminam perdidos em discussões mais amplas, porém com poucos efeitos práticos. A entidade acredita que cabe às metrópoles o papel de protagonismo na implantação de soluções, pela capacidade de adotar atitudes sustentáveis com impacto em questões essenciais, como a redução do efeito estufa e do consumo de energia e as mudanças climáticas. 
          Estiveram presentes no encontro do C40, o anfitrião, prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab; o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg; o ex-presidente dos EUA Bill Clinton; e o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick; entre outros. Durante o evento, as cidades compartilharam cases de boas práticas voltadas para a questão da sustentabilidade, como uso intensivo de bicicletas, substituição dos automóveis tradicionais por carros elétricos, disseminação das “construções verdes” e uso de biogás para produção de energia.
          Mas o C40 foi além da disseminação de boas iniciativas. Ao final do evento, foi publicada a Declaração de São Paulo, formalizando a reivindicação dos prefeitos das principais cidades por mais espaço na definição de políticas públicas sobre mudanças climáticas e acesso a financiamento de projetos na área ambiental. “As boas práticas e as experiências exitosas são importantes, mas são soluções pontuais”, diz a consultora. “Para dar conta desse imenso desafio, essas ações precisam estar articuladas e vinculadas a políticas públicas de Estado mais amplas e consistentes, para que tenham de fato um efeito concreto em questões como as mudanças climáticas”, acredita. 
          A ideia é que os principais pontos do encontro sejam aprofundados durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, que acontecerá em 2012, no Rio de Janeiro, uma das cidades que integram o C40. A Rio+20 deve ampliar as principais questões debatidas pelo C40, ajudando a consolidar uma agenda “sustentável” com metas definidas para apoiar o planejamento das cidades na questão das mudanças climáticas e do crescimento urbano sustentável. “No mundo predominantemente urbano onde vivemos, é preciso garantir que as cidades se tornem cada vez mais sustentáveis”, ressalta Fátima. “Isso passa por uma discussão mais ampla sobre questões como mobilidade urbana, poluição, infraestrutura, acesso da população a serviços básicos, como água e saneamento, entre outros”, analisa.
 


Rede Gestão