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Caos(çadas): tropicões e quedas que podem mudar destinos!

A situação em que se encontram nossas calçadas é um dos primeiros pontos que mostram a dificuldade de inclusão das pessoas com necessidades específicas.
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Publicado em Fri Dec 27 19:31:00 UTC 2013 - Edição 819

Para que calçadas?

Acredito que foram pensadas, prioritariamente, para garantir um ir e vir seguro e confortável a todos, saídas e cheganças, motivações e destinos diversos — passear um passeio, acreditem!

Ir e vir à casa do vovô, tio, amigo, da namorada; à escola, feira, loja, praça, praia, ao trabalho, posto de saúde, hospital, banco, cinema, teatro, museu, barzinho, restaurante, estádio para ver um jogo; às casas legislativas: Palácio do Governo, Prefeitura; aos serviços públicos ou privados; para pegar o ônibus, o carro; para chegar ao terminal rodoferroviário; e, por fim, ao repouso no lar, quando, nesse caminhar, o acidente ou incidente, dos obstáculos da calçada, do passeio, não muda o destino.

É possível usá-las? Tem certeza? De que jeito?

E lá vamos nós, quando podemos, driblando ou sendo expulsos do passeio...

À nossa espera lá estão, sempre, os buracos, os degraus, por vezes altos demais ou ocupando todo o caminho; desníveis íngremes; caixas de ar-condicionado baixas, sacando para o espaço do transeunte; placas de sinalização ou propaganda; postes; orelhões; coletores de correspondência e de lixo; barracas; fiteiros; fogareiros; expositores de mercadorias; mesinhas de bares; carros; motos; bicicletas; cavaletes; material ou entulho de obras. Todos os seus donos ocupando e se achando donos de um espaço de utilização “pública”...

E, se é para todos e de todos, todos podem usá-las? As mães e seu carrinho de bebê; usuários de cadeira de rodas, muletas, andador; pessoas idosas, gestantes, anãs, cegas ou com baixa visão; aquelas com mobilidade reduzida? Eles também podem passear nessas caos(çadas)? Ou terão que ficar excluídos? Mais uma vez excluídos do uso de um equipamento público — do direito de ir e vir?

Enfim, correr risco por quê? E dá para correr? Talvez ande. E, mesmo assim, que se cuide!!!

E, a culpa, de quem será?

Do Recife dos mascates, dos camelôs? Dos proprietários de carros, motos, bicicletas? Dos donos de bares, restaurantes, fogareiros, fiteiros, tabuleiros, barracas? Dos donos das casas e dos apartamentos? Das operadoras de telefonia e permissionárias e administradoras dos serviços de luz, gás, água e esgoto? Do Detran? Da CTTU? Da Prefeitura?

Creio que, para termos calçadas — passeios —, é necessário que o poder público determine, cumpra e fiscalize o cumprimento das leis, colocando ordem no caos, disciplinando o que deve ser disciplinado sem jeitinho ou exceções. Disseminando, por meio de campanhas educativas e informativas, as regras e as punições para quem não as obedeça.

E, a nós, o que cabe?

Cobrar do poder público a execução de obras e medidas que assegurem aos pedestres calçadas acessíveis e dignas. Isso é um bom começo. Melhor ainda é não fazer da calçada pedaço de uso exclusivo de nosso interesse.

Indignar-se e sonhar é preciso. Tropeçar e cair não é preciso.


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