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Contabilidade: uma breve viagem no tempo (final)

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Publicado em Sun Dec 10 12:54:00 UTC 2000 - Edição 116
Nesta última década do século, surgem as chamadas empresas "pontocom", com suas características próprias, grande parte delas superavaliadas segundo as cotações de mercado. Por sua vez, as corporações do "mundo real" ficam cada vez mais automatizadas, em detrimento de mão-de-obra direta; técnicas sofisticadas de gerenciamento e fabricação são absorvidas rapidamente, pois a competição, agora, é globalizada. Dentro de igual unidade fabril, surgem modernas linhas de produção para atender à demanda crescente de novos produtos, com ciclos de vida cada vez menores e que incorporam mais e mais tecnologia.

Logicamente, todas essas mudanças radicais no ambiente interno e externo das empresas demandam novos sistemas contábeis, tanto gerenciais quanto financeiros, não necessariamente articulados entre si. Mas a contabilidade, dessa vez, não conseguiu acompanhar todas essas transformações.

A ciência da contabilidade tem como objetivo principal a informação relevante e tempestiva para nortear as decisões do público. Ou seja, de seu público interno - os administradores, os proprietários e os funcionários - e de seu público externo - os potenciais investidores, credores e o governo -, que têm, nesse momento, um grande desafio, mas, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade no desenvolvimento de modelos contábeis que atendam a esse novo ambiente, cheio de complexidades.

Provando que a história se repete, o país líder dessa nova revolução, os Estados Unidos, também produz os melhores pesquisadores, como o professor da Harvard Business School, Robert Kaplan, que criou um novo modelo de custeio: o custo baseado em atividades; e o balanced scorecard: um conjunto de medidas financeiras e operacionais de satisfação do cliente, processos internos e atividades voltadas para a melhoria e a inovação dentro da organização para mensurar mais precisamente o potencial das empresas. Ele parte do princípio de que organizações mais complexas exigem um conjunto de informações mais complexo, não se podendo mais confiar num único instrumento de comunicação.

Para a contabilidade dar esse salto de qualidade demandado pelo novo ambiente empresarial, faz-se necessário que esse contador de final de milênio tenha novas habilidades, como, por exemplo, a capacidade de trabalhar em equipes multidisciplinares e incorporar uma visão muito mais ampla e estratégica das empresas e do ambiente no qual elas estão inseridas. Para isso, é importante que o ambiente de formação permita ao estudante de Contabilidade uma integração que o leve a transitar por outras áreas afins do conhecimento, tais como Finanças, Economia, Gestão da Produção e Estratégia Empresarial.

A aprendizagem contínua, através de cursos de extensão e de pós-graduação, é fundamental. Primeiramente para acompanhar os grandes avanços da teoria e da prática da área, e depois, para obter um amadurecimento profissional necessário à inserção da pessoa num mercado de trabalho exigente.

O contador, agregando as habilidades demandadas pelo mercado, pode vir a se tornar, outra vez, um profissional dos mais respeitados e bem-remunerados do mercado, mas, para tanto, faz-se necessária a capacitação constante de mentes abertas para a realidade que se apresenta.

Como há cinco séculos, na época das expedições, e há aproximadamente dois séculos atrás, quando ocorreu a Revolução Industrial, estamos novamente diante de uma revolução sem precedentes, com o desenvolvimento de moderníssimas tecnologias de comunicação e informação. Portanto, a contabilidade, obrigatoriamente, pode e deve ter um papel central nesse momento de mudanças radicais, uma vez que, na sua essência, é uma ciência baseada em informação. Para tanto, urge que os contadores voltem às origens e adotem a mesma postura criativa e inovadora dos contadores daquelas duas épocas remotas.

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