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País Deve Crescer Menos em 2005 ", diz consultor

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Publicado em Sun Dec 05 21:42:00 UTC 2004 - Edição 323

Após alcançar um crescimento superior a 5% em 2004 — o melhor resultado nos últimos dez anos —, a economia brasileira deve pôr o pé no freio em 2005, crescendo a um ritmo menos acelerado para manter a inflação sob controle. Apesar dos bons resultados deste ano, a grande vulnerabilidade do País às crises externas e a fragilidade do ambiente interno — marcado por juros altos, infra-estrutura precária, elevada carga tributária e informalidade — surgem como grandes obstáculos para que a recuperação observada este ano evolua para uma fase de crescimento sustentado, essencial para o País. A avaliação é feita pelo consultor Francisco Cunha, diretor da TGI Consultoria em Gestão e editor da coluna Desafio 21 (ver avaliação completa no site www.tgi.com.br).

 

Francisco analisa os fatores que determinaram os bons resultados econômicos alcançados em 2004 e traça projeções para 2005. “Os entraves internos não permitem que a taxa de crescimento observada este ano se mantenha em 2005 sem trazer de volta o risco da inflação”, observou. “Como o Governo tem compromisso estabelecido com o controle inflacionário, o mais provável é que o País cresça menos em 2005 para que, em 2006, ano de eleição presidencial, a retomada seja semelhante à ocorrida este ano, entre 5% e 6%”.

 

Os bons resultados alcançados em 2004 — além do crescimento do PIB e inflação estabilizada em 7,5%, houve a criação de 1,8 milhão de empregos, saldo comercial de US$ 33 bilhões e superávit primário de 5% do PIB — trouxeram efeitos positivos para o País. “Este ano, tivemos diminuição da vulnerabilidade externa, queda do risco-país, estabilizado em 400 pontos, aumento dos investimentos e da confiança no Brasil", avaliou. O ambiente externo favorável, com crescimento da China, dos Estados Unidos, do Japão, da Europa e América Latina a taxas acima da média histórica da última década, também contribuiu para esse crescimento, incentivando o aumento das exportações brasileiras e, conseqüentemente, o saldo da balança comercial.

 

Além dos entraves internos, a grande vulnerabilidade às crises externas é outro obstáculo para que o País consiga continuar crescendo de forma sustentada, na avaliação do consultor. “O Brasil ainda é muito dependente do ambiente externo. Riscos como o déficit norte-americano, a desaceleração do crescimento da China, os atentados terroristas e o alto preço do petróleo podem afetar a recuperação da economia brasileira”, avaliou.

 

Francisco Cunha ressaltou, entretanto, que seja qual for a conjuntura, existe um tripé de desenvolvimento que se impõe como condição indispensável para que o País se desenvolva, independentemente de qualquer governo. “A sociedade brasileira deve exigir do Governo o cumprimento desses três itens, sem os quais não há nenhuma saída possível para o País: (1) crescimento sustentado a um ritmo de 5% a 6% ao ano; (2) políticas compensatórias, como os programas Renda Mínima e Fome Zero, para amenizar o grande passivo social resultante de 25 anos sem crescimento; e (3) educação integral. Toda criança o dia todo na escola. Esse é um ponto inegociável”, disse.


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