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Cansaço não é estresse

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Publicado em Sun Feb 25 20:02:00 UTC 2001 - Edição 127
Imagine dois personagens neste domingo de Carnaval. O primeiro é um típico folião. Ontem pela manhã foi ao desfile do Galo e seguiu todos os trios. No final da tarde, instalou-se em uma casa em Olinda e, desde então, ainda não parou de subir e descer as ladeiras. O segundo detesta Carnaval. Está em casa sozinho porque todos os amigos decidiram cair na folia. Passa o dia zapeando o controle remoto, tentando fugir da dobradinha "bailes & desfiles de escolas de samba" que domina as principais emissoras de TV. Você é capaz de adivinhar qual dos dois, na Quarta-Feira de Cinzas, estará mais estressado?

O exemplo é útil para ilustrar uma confusão comum quando o assunto é estresse. Para muita gente, fatores como o excesso de atividades, a correria do dia-a-dia e o cansaço físico são os principais responsáveis pelo problema que atinge grande parte dos profissionais atualmente. Mas não é bem assim. Mesmo passando os quatro dias de Carnaval refestelado em uma poltrona, o segundo personagem tem muito mais chances de ficar estressado do que o primeiro. Embora muito mais exigido fisicamente, o folião tem uma diferença fundamental: encontra prazer na sua atividade.

Levando a situação para o ambiente de trabalho, percebe-se que nem sempre o excesso de atividades é o vilão da história. "É perfeitamente possível alguém manter uma jornada de 14, 16 horas de trabalho e chegar ao final do dia de bom humor e sentindo-se bem", assinala a psicóloga Eliene Rodrigues, do INTG, integrante da Rede Gestão. Portanto, não é a quantidade, mas a qualidade do trabalho que está diretamente relacionada ao estresse. Para evitá-lo, o primeiro mandamento, segundo Eliene, é exatamente trabalhar com prazer e encontrar prazer no resultado do trabalho.

O profissional pode até passar poucas horas no ambiente de trabalho, mas se convive diariamente com atritos e conflitos, muitas vezes não falados, não enfrentados ou mal resolvidos, terá grandes chances de sentir-se estressado. Nesses casos, nem mesmo tirar férias resolve o problema. O ideal, segundo Eliene, é tentar resolver as diferenças no trabalho, assumindo os problemas e discutindo as diferenças.

"Conflitos varridos para baixo do tapete e ignorados por quem deveria administrá-los geram desgaste, frustração e são, talvez, os principais responsáveis pelo estresse", afirma.

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