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A hora da responsabilidade social

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Publicado em Sun Jul 02 18:28:00 UTC 2000 - Edição 93
1. Em dúvida entre dois produtos expostos na prateleira do supermercado, o consumidor opta por aquele que apresenta uma embalagem que não agride o meio ambiente.

2. A marca líder do mercado de tênis em todo o mundo vê as suas ações despencarem após denúncia de exploração de trabalho infantil por fornecedores asiáticos.

3. Preocupado com a melhoria da qualidade de vida da comunidade vizinha, um escritório de advocacia oferece cursos profissionalizantes para adolescentes, enquanto um hospital particular ajuda na manutenção do posto médico comunitário.

4. Loja de calçados corta de sua lista de fornecedores empresa que desrespeita os direitos trabalhistas de seus funcionários.


Além de reais, as situações descritas acima têm outro ponto em comum. Todas refletem a importância crescente da Responsabilidade Social, conceito que está deixando de ser uma prática isolada para tornar-se um fator de competitividade decisivo para empresas e organizações. Não é exagero nem a última moda do ambiente corporativo, mas uma evidência incontestável. Organiza-ções socialmente responsáveis, as chamadas empresas cidadãs, estão conquistando o respeito e a preferência dos consumidores em todo o mundo, trabalhando, assim, para garantir o seu lugar no futuro.

O tema está na ordem do dia. Há duas semanas, mais de quatrocentas empresas de todo o Brasil participaram da Conferência Nacional 2000 do Instituto Ethos de Responsabilidade Social Empre-sarial, em São Paulo. Pernambuco levou a quarta maior comitiva entre os 14 estados participantes, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. "É cada vez maior o número de empresas que estão adotando a responsabilidade social como parte fundamental de sua estratégia de gestão", observa o consultor Ricardo de Almeida, da TGI Consultoria em Gestão, um dos integrantes da delegação pernambucana. "Não se trata de filantropia ou assistencialismo, mas de uma ação que efetiva-mente gera lucro, riqueza, aumento do mercado e melhoria da qualidade de vida."

A responsabilidade social envolve aspectos diversos, que vão da adoção de princípios e valores éticos nos negócios à preocupação com o desenvolvimento pessoal e profissional de seus empregados. Do cuidado com o meio ambiente à qualidade da relação com seus fornecedores. Do respeito ao consumidor e investimento em ações sociais à transparência nas relações com o poder público. "No Brasil, onde a concentração de
renda gera desigualdades sociais gritantes, a responsabilidade social das empresas ganha ainda mais importância ao ser uma alternativa viável para atenuar o gap social", destaca Ricardo.

Os ganhos são inúmeros para a empresa cidadã e para toda a comunidade. A curto prazo, as pesquisas comprovam a identificação e preferência dos consumidores por empresas éticas e socialmente responsáveis. A longo prazo, a prática permite a construção de uma sociedade mais justa, com menos desigualdades — conseqüentemente menos violência — além da inserção de uma
parcela importante da população no mercado consumidor.

É importante considerar, ainda, que a prática socialmente responsável deve ser uma preo-cupação não apenas das empresas, mas também dos profissionais, defende a consultora Edna Monteiro, da E&R Estratégias e Resultados, também integrante da comitiva pernambucana. Para Edna, "atuando como voluntários em atividades sociais ou adotando e disseminando princípios éticos, cada um pode fazer a sua parte, por menor que seja".

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