Coluna

|Variedades - Artigos Principais

Coluna

|Variedades - Artigos Principais

Veja por autor

O papel pedagógico do gerente moderno

whatsapp linkedin
Publicado em Sun Oct 03 09:15:00 UTC 1999 - Edição 55
A cada dia amplia-se nas organizações contemporâneas o entendimento de que o gerente precisa, mais do que ter capacidade técnica e boa formação teórica, ser um especialista em gente, capaz de estimular sua equipe, criando um ambiente de trabalho eficiente e produtivo. Para isso deve transmitir conhecimentos, desenvolver ao máximo o potencial de cada integrante do grupo, lidar com os conflitos, saber cobrar, alcançar resultados positivos - algo muito semelhante ao papel de um professor. "O trabalho do gerente hoje tem um caráter pedagógico muito forte", analisa a psicanalista Eliene Rodrigues, do Instituto de Tecnologia em Gestão (INTG), integrante da Rede Gestão. O gerente que desempenha esse papel com eficiência está assegurando o bom desenvolvimento de sua equipe e contribuindo com a ampliação da capacidade competitiva da empresa.

"Chefes" e professores autoritários e centralizadores - que apostavam mais na punição que no estímulo à autonomia - cada vez mais fazem parte do passado. "Tanto a Pedagogia como a Administração contemporâneas concordam que, para a construção de um ambiente criativo e estimulante, é necessário menos rigidez e mais troca", assinala Eliene. Mas é preciso também uma boa dose de cautela para não correr o risco de cair no outro extremo - na tentativa de tornar-se "amigo" de seus gerenciados/alunos, terminar confundindo os papéis, desempenhando mal o seu trabalho. O gerente-professor interessado em construir uma equipe competitiva deve, segundo a psicanalista: (1) exercer sua autoridade sem autoritarismo; (2) assumir sua posição de referência sem estrelismos ou, ao contrário, culpa por estar ocupando um lugar de destaque; (3) estimular a liberdade, mas definir limites que não devem ser transpostos; e (4) buscar mais proximidade, sem confundir com intimidade.

O gerente é responsável pela transmissão de conhecimento para sua equipe, mas está longe da imagem do professor dono do saber absoluto. "Ele deve reconhecer que tem o saber, mas ao mesmo tempo deve estar aberto para construir esse saber no dia-a-dia com a sua equipe", situa Eliene. O ideal é criar um clima onde os integrantes da equipe possam expor suas opiniões, desenvolver a autonomia, trocar conhecimentos e, ao mesmo tempo, ter obrigações e prazos a serem cumpridos. Se no passado, os professores e gerentes tratavam todos da mesma forma, sem reconhecer os talentos individuais de cada um ou estimular as capacidades, hoje o foco é outro. É preciso acompanhar a evolução da equipe, explicitar os conflitos, negociar, fazer acordos de trabalho de modo claro, respeitar as diferenças de estilo. "O gerente/professor contemporâneo sabe que a matéria prima das empresas chama-se gente", afirma.

Rede Gestão