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Princípios Cristãos no Capitalismo?

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Publicado em Mon Dec 09 01:11:00 UTC 2002 - Edição 220

A publicação do livro Princípios Cristãos no Capitalismo está me trazendo momentos de grande satisfação. Tenho escutado, prazerosamente, muita polêmica, sendo a maior, exatamente, sobre o título. De fato, grande parte das pessoas questiona: podem existir princípios cristãos no capitalismo? Acho isso interessante, observando que, no próprio prefácio, de antemão, Frei Aloísio Fragoso já levanta a questão.

 

Sem poder neste curto espaço apresentar as idéias defendidas no trabalho, esclareço que o subtítulo já aponta para a tese central: avaliação de possibilidades considerando investimentos no amor, registrando, logo, que investir no amor é desvalorizar o egoísmo, ou a tal "ganância infecciosa", como recentemente bradou Alan Greenspan, presidente do Banco Central americano.

 

Entretanto, essa dúvida sobre Princípios Cristãos no Capitalismo está me fazendo refletir mais sobre a realidade conflitante, dialética, do nosso Brasil, um país capitalista e que, todavia, possui uma das maiores populações cristãs do mundo. Dessa forma, é oportuno o questionamento sobre como entrecruzam-se no Brasil esses aspectos, tão importantes para uma sociedade: a religião e o sistema econômico. Vale destacar que ambos deveriam gerar bem-estar para o povo, porém, infelizmente, cabe mesmo é a pergunta: quem mais estaria contribuindo para a infelicidade da população: um sistema econômico pautado pelo egoísmo e que repudia o amor ou uma religião que seja alienante em vez de libertadora?

 

Para que Karl Max deixe de ter razão quando disse que "a religião é um ópio para o povo", é preciso ter em mente que as religiões, até por definição, expressam a ligação do homem com Deus, contudo, também, são instituições que desenvolvem princípios culturais e éticos. Especificamente no caso das religiões cristãs, um aspecto fundamental da sua ética baseia-se no fato histórico de Cristo ter sido gente, como qualquer um de nós. Assim, embora sendo forte a mística, a espiritualidade do cristianismo, da mesma maneira, a ética cristã é comprometida com vida do homem aqui na Terra, como está claro nos evangelhos.

 

É por isso que o povo brasileiro, imerso no capitalismo, todavia, em sua imensa maioria, dizendo-se cristã, pode vir a ser um exemplo para o mundo, desde que passe a viver efetivamente a ética pregada por Cristo nas suas relações econômicas e sociais. Desta feita o engajamento dos cristãos, por exemplo, nas campanhas para a transparência dos mercados, com informações democraticamente colocadas para todos, as iniciativas para ampliar a responsabilidade social das empresas e a expansão do espírito de voluntariado na sociedade podem, de fato, comprovar que os princípios cristãos têm condições de permear o capitalismo, integrando-se, inclusive, com os ateus éticos."


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