Como a revolução digital afetou, na prática, o dia-a-dia dos recifenses? Para responder a essa pergunta, um grupo de 65 estudantes universitários dos cursos de Administração de Empresas, Engenharia de Produção e Ciências Econômicas da Faculdade Boa Viagem, caiu em campo para pesquisar o impacto das novas tecnologias em diversos aspectos da vida pessoal e profissional de 1.219 entrevistados. A pesquisa concluiu que as classes média e alta do Grande Recife ainda estão em fase de transição para a chamada Era Digital. Há uma grande disponibilidade de tecnologias da informação e das telecomunicações, mas elas ainda não são utilizadas de modo habitual e intensivo.

A grande maioria dos pesquisados tinha acesso a computador (77% em casa e 92% em ao menos um lugar) e à Internet (71% em casa e 87% em ao menos um lugar). Usavam habitualmente editor de textos (81%) e planilha eletrônica (62%). Também sabiam utilizar browser, (77%), sites de busca (68%), e-mail (63%) e webmail (56%). Um total de 96% tinha celular simples ou com acesso à Internet e 26% tinham notebook, subnotebook ou PDA.

O levantamento constatou, no entanto, uma grande diferença entre o acesso/domínio da tecnologia e o seu uso prático e cotidiano.

A grande maioria dos entrevistados respondeu que apenas "às vezes", "raramente" ou "quase nunca": (1) escreve e faz contas no computador (79%); (2) resolve problemas ou planeja tarefas com a ajuda da Internet (63%); (3) usa software para resolver problemas ou planejar tarefas (66%); (4) usa analogias com os computadores ou a Internet para resolver problemas (85%). Apenas 5% dos 1.219 entrevistados responderam "Freqüentemente" ou "Quase Sempre" a todos os itens acima.

"Percebe-se nos recifenses ainda um certo grau de aversão tecnológica", comenta o coordenador da pesquisa, professor Bruno Campello de Souza. Em termos práticos, isso implica dizer que as pessoas, mesmo dispondo de um computador e de um acesso à Internet, ainda preferem escrever utilizando o binômio caneta–papel e fazer contas usando lápis, papel e calculadora. A pesquisa concluiu que as novas tecnologias certamente já fazem parte do cenário recifense. A etapa seguinte, que, segundo Souza, deve ocorrer daqui a dois ou três anos, seria a assimilação cultural dessa tecnologia, fazendo com que ela se torne presente também nas práticas e nos pensamentos das pessoas.