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O Futuro Traçado Hoje: Um 2003 Difícil para o Brasil

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Publicado em Sun Oct 06 22:16:00 UTC 2002 - Edição 211

Seja qual for o candidato vencedor nas eleições, as perspectivas para 2003 são pouco animadoras para o Brasil. O novo presidente deve alcançar resultados "medíocres" em seu primeiro ano de governo, que será marcado por uma gestão macroeconômica austera, baixo crescimento econômico, manutenção do superávit primário e controle inflacionário. Esse cenário foi traçado pelo economista Sérgio C. Buarque, durante encontro promovido pela Sociedade Pernambucana de Planejamento Empresarial (SPPE), na última semana, no Mar Hotel. "Os dois principais candidatos — Lula e Serra — tendem a apresentar um primeiro ano de governo bastante semelhante, voltado para a articulação de acordos no congresso e esforços para manter a economia estável e sob controle", afirmou.

 

Para traçar os possíveis cenários para o ano de 2003, Buarque levou em consideração os principais fatores nacionais e internacionais. No plano externo, a crise mundial, a retração das economias norte-americana e européia, a crise de confiança no sistema financeiro e, sobretudo, a ameaça de George W. Bush invadir o Iraque são as variáveis que mais influenciam o quadro brasileiro. Internamente, os pontos mais determinantes são a combinação explosiva do vencimento das dívidas com a retração do crédito e a instabilidade causada pelo crescimento da oposição. "Temos vários cenários, levando em conta as duas principais variáveis: se os Estados Unidos invadem ou não o Iraque e se teremos um presidente que garanta a governabilidade e a administração competente da crise", afirma.

 

A pior situação para o Brasil seria decorrente da invasão norte-americana ao Iraque, associada a uma crise de governabilidade. Nesse cenário, o Brasil teria a volta da inflação e de uma grave crise social, marcada pela instabilidade econômica e política. A boa notícia é que, na opinião do economista, essa possibilidade tem poucas chances de se concretizar. "O cenário mais viável para 2003 é também o melhor, dentro das alternativas possíveis", afirma. Nele, a reação mundial impede a aventura militarista de Bush, mas a economia mundial se arrasta com dificuldade, com baixo crescimento e crédito limitado. "Com Serra ou Lula vencendo, predominará uma gestão macroeconômica austera no curto prazo."

 

Para Sérgio Buarque, na melhor das hipóteses, o País irá alcançar resultados "medíocres" em 2003. Deve haver declínio da taxa de câmbio para níveis que reflitam a capacidade de comércio do País — abaixo de US$ 3 —, além de aumento da exportação e do financiamento da balança comercial, com redução do Risco Brasil. Caso o candidato da oposição vença as eleições, seu maior desafio será lidar com a expectativa excessiva das bases petistas em relação a investimentos e resultados de curtos prazos na área social. "O PT sabe que o imediatismo distributivista pode gerar descontrole e fará um primeiro ano de governo rígido. Isso certamente irá frustrar as expectativas de muita gente", opina.

 

Apesar do cenário rigoroso, Sérgio Buarque descartou a possibilidade de o Brasil vir a se transformar em uma "nova Argentina", seja qual for o perfil do novo presidente. "O Brasil tem maturidade política, instituições sólidas e uma situação econômica bem diferente. O risco existe, mas um descontrole total como o que aconteceu na Argentina é improvável."


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