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|Planejando a Carreira - O profissional em foco - Carlos Alberto Valença

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Calma, o mundo não acaba aqui

Neste artigo, o autor explica que nem tudo está perdido e que passamos por outras crises. A vontade de trabalhar com recursos limitados será diferencial.
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Publicado em Fri Feb 05 13:00:00 UTC 2016 - Edição 905
Início de ano é sempre a mesma coisa: avaliação do ano que acabou, muitas dúvidas e esperança para o ano que começa. Estamos acompanhando o momento difícil que vive o nosso país. Crise política e econômica (a política é bem maior), redução do PIB, inflação de 10,67%, mais de 1,5 milhão de demissões em 2015, freio nos novos projetos, contenção dos gastos em investimentos estruturadores, embora pouca redução nas despesas da máquina pública.
 
A taxa de desemprego atual passa dos 9% da população economicamente ativa. Há muitos jovens entrando no mercado de trabalho; estima-se que 1,7 milhão/ano. Eles não têm experiência, e, sejamos realistas, as instituições de ensino estão despejando no mercado um grande contingente de pessoas sem a menor empregabilidade, fruto de uma estratégia voltada para o volume, deixando a qualidade em segundo plano — o importante é a estatística.
 
Sou otimista e sempre acho que podemos melhorar, mesmo que as recentes notícias só joguem baldes de água fria na nossa esperança. Gostaria de enfatizar, neste artigo, que nem tudo está perdido, já passamos por crises piores, só não podemos ficar esperando muito tempo no mesmo lugar, pois isso pode deixar sequelas irreparáveis na nossa capacidade de gerar produtos, serviços e riquezas. Temos que olhar pra frente e analisar os números com muito cuidado, de forma realista e, principalmente, com disposição para o trabalho em um cenário de recursos limitados.
 
Se alguns segmentos estão demitindo — como o da construção civil; da indústria naval, têxtil e automobilística (exceto o segmento de carros luxuosos); e de lojas de varejo —, temos setores que estão contratando, ora com a ampliação de quadro, ora com a substituição natural de profissionais. 
 
Ainda existe forte demanda por mão de obra qualificada, nacionalmente, nos setores de TI e telecomunicações. Já os setores de bens de consumo e serviços financeiros concentram suas contratações em profissionais em início de carreira. As usinas de açúcar e destilarias voltaram a contratar para aumentar a produção do álcool, devido ao aumento do preço da gasolina e da percentagem na mistura, e do açúcar, devido à demanda externa.
 
Vale ressaltar que todas as empresas que produzem para exportação aumentaram suas vendas, graças à desvalorização do real frente ao dólar, que torna nossos produtos mais baratos, desde que não usem insumos importados em seus processos para a obtenção do produto final. Destaca-se o agronegócio, outro setor com vagas abertas e que está comemorando recordes nas suas transações. 
 
Hospitais particulares apresentam taxas de ocupação de leitos acima de 80% e precisam de gente para funcionar. Estenda-se isso aos serviços complementares, como laboratórios de análises, diagnósticos de imagem, lavanderia e farmácia.
 
A hotelaria de negócios, por um lado, está com baixa ocupação; por outro, a de turismo tem apresentado bons números, pois muitos turistas escolhem nossa região para o lazer, já que o exterior ficou inviável para a outrora pujante classe média brasileira.
 
Todos os setores estão dedicados à automação e redução de custos, o que tem gerado demanda para consultores, auditores, técnicos e desenvolvedores. 
 
Outra realidade é que há muitas empresas investindo fortemente na contratação de profissionais em modelo home office (trabalho em casa), visando reduzir os custos indiretos, como luz, espaço, refeições, transporte, estacionamento, secretária e ferramentas de trabalho.
 
As empresas sabem a grande dificuldade que representa selecionar bons profissionais, treinar e manter uma equipe alinhada com a cultura e as metas estabelecidas; muitas demitem em última instância, outras reforçam seus quadros com profissionais mais preparados e competitivos; umas se adaptam, outras se reinventam. Não podemos precisar quando sairemos da crise, mas sabemos que ela não é eterna e 2016 será um ano de grande aprendizagem.

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