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Empreender, verbo na primeira pessoa

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Publicado em Sun Jul 05 20:49:00 UTC 2015 - Edição 874
Na área das Letras há um dito tão antigo quanto polêmico: “O poeta nasce. O orador faz-se”. Da mesma forma, há quem imagine que o empreendedor nasça pronto ou que seja apenas uma pessoa que toca seus negócios. Ledo e quase total engano. O empreendedor, qualquer que seja a sua área, está muito mais para as realizações e os exercícios continuados do orador: ele se faz. Enquanto o empresário, por assim dizer, já tem o empreendimento assegurado — associando-se semanticamente a ser o patrão, o dono, o proprietário — o empreendedor, por sua vez, associa-se a uma ação continuada. Por isso, herdeiros em geral tendem a não ser empreendedores, uma vez que já recebem o “prato feito”.
 
Se tivermos como pano de fundo a dinâmica da vida corporativa, logo podemos perceber que o verbo empreender verdadeiramente só pode ser flexionado na primeira pessoa. As demais pessoas não falam (nem podem falar) da verdade desse verbo. Ou “sou eu” ou “somos nós” que “empreendo” ou “empreendemos”. E para empreender bem é preciso — como atesta a própria realidade — desenvolver e contar com algumas características e talentos. Ir de um só “limão” (escassez) à “limonada” (abundância, realizações, riqueza) requer habilidades especiais e muita, muita mesmo, força de vontade e transpiração.
 
Para o empreendedor, sobretudo aquele sem grande respaldo financeiro (e são milhões espalhados por nosso vasto país), dificuldades e oportunidades andam juntas, sua argúcia vai tirar o leite das pedras ou aquele conhecido leite que a vaca não prometeu. O empreendedor vai se fazendo sem esperar pela sorte, apesar de uma realidade quase sempre adversa. Como agente atento de seu próprio destino, focado nos seus sonhos e objetivos, termina por encontrar “coincidências” e “acasos” favoráveis às suas atitudes e ver com clareza os degraus por onde ascender. Com sua atitude perseverante, proativa e corajosa, o empreendedor é uma fonte de energia e um fator de enriquecimento para si e para a sociedade. Para o Prêmio Nobel Muhammad Yunus, empreender é praticamente o único caminho para se vencer a pobreza no mundo.
 
Como um artífice para quem o talento e a repetição de gestos constroem o gesto total em luta e trabalho com sua matéria-prima, o empreendedor sente o prazeroso desafio de construir, isto é, de se lançar à conquista e à criação de uma nova realidade — o empreendimento. É assim que chega a suas conquistas. A primeira pessoa do verbo é indelegável porque, a rigor, o empreendedor transita entre uma ação que só pode ser a sua (e por natureza intransferível) e uma fé que só aos poucos entrega a sua salvação: o sucesso. Enfim, não nasce, faz-se.

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