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Perspectivas para 2015 e a Exigência de Competência Estratégica

Investir em governança é uma forma de sobreviver às incertezas de 2015.
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Publicado em Sun Jan 18 13:00:00 UTC 2015 - Edição 850

O ano de 2015 chega com perspectivas para o Brasil não muito animadoras, já abordadas nesta Coluna e que podem ser consultadas em www.tgi.com.br com as projeções apresentadas na Agenda TGI 2015. O País precisará fazer ajustes importantes, retomar a confiança dos investidores e adotar um sistema de governança mais transparente, com um plano que aponte para o futuro. A boa notícia é que, se fizer o dever de casa, o Brasil pode retomar um ritmo de crescimento um pouco melhor já no começo de 2016.

No entanto, quando as incertezas são maiores, com impactos relevantes na (falta de) confiança dos empreendedores, e a velocidade das mudanças é acelerada, a exigência de competência estratégica fica mais óbvia. Afinal, o tempo de reação e a qualidade das decisões das organizações podem ser fundamentais para sua sobrevivência e seu crescimento.

Imaginemos que se, como num passe de mágica, o futuro pudesse ser previsto e certo, incluindo o prévio conhecimento sobre todas as reações e variáveis dos atores competitivos, não teria sentido algum pensar em estratégias. Qualquer organização que programasse suas ações sem se preocupar com incertezas e imprevistos, pois não existiriam, alcançaria os resultados pretendidos. A ideia de formular estratégias para o futuro fundamenta-se justamente na imprevisibilidade deste. Resta a todos, portanto, se preparar para as incertezas e, com prudência, para diferentes possibilidades de futuro.

Entretanto, não se deve confundir ter uma estratégia e ter um plano. Um plano é uma ferramenta de apoio à implementação dos princípios estratégicos definidos, inclusive porque a estratégia por inteiro raramente está escrita em um único lugar. Os processos usados para se chegar à estratégia total são tipicamente fragmentados e, em grande parte, intuitivos. À medida que as variáveis vão se modificando, é preciso perceber as mudanças e ajustar o planejamento estratégico, sob pena de essa ferramenta “caducar” e deixar de representar uma intenção estratégica para ser apenas um plano burocrático e desatualizado.

O principal elemento de uma estratégia é a visão de futuro — o objetivo a ser alcançado a longo ou, pelo menos, médio prazo. Se não há clareza de onde se pretende chegar, todos os demais recursos de planejamento ficam comprometidos e perdem a capacidade de contribuição para o aumento da competitividade. Uma estratégia realmente boa deve se basear em ser diferente das outras; se todos adotarem os mesmos princípios estratégicos, ela não poderá ser boa por muito tempo. Para desenvolver uma boa estratégia é preciso enxergar situações e acontecimentos sob uma perspectiva original e formular ideias singulares. Nesse sentido, é preciso disciplina para investir tempo, atenção e recursos na observação, reflexão e aprendizagem, mas também flexibilidade para analisar e compreender o ambiente de negócios de forma singular e ampliar a capacidade de percepção.

A falta de disciplina estratégica tende a levar a organização à informalidade excessiva, com foco no que é operacional, e perda da perspectiva do prazo mais longo — as pessoas se concentram em resolver os problemas do momento. Por outro lado, um processo muito formal pode concentrar os esforços em responder a previsões, formular cronogramas que provavelmente serão ajustados muitas vezes e produzir e analisar relatórios de indicadores que não garantem um avanço estratégico substancial. O importante é o processo de pensamento, e não a burocracia do planejamento.

É improvável conseguir desenvolver boas estratégias por meio de um processo rígido e codificado. Como disse Andy Grove, ex-CEO da Intel Corporation, “É preciso instinto para lidar com o futuro, acerca do qual não temos dados; tudo depende da capacidade de fundir informações com intuição de forma tão analítica quanto possível”. A constante avaliação dos condicionantes e os necessários reposicionamentos exigem, sobretudo, o instinto para superar a angústia do desconhecimento sobre o futuro, refletir sobre os acontecimentos sob uma perspectiva original, preparar-se e manter o farol alto aceso constantemente para tentar antecipar situações e sair na frente dos concorrentes.


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