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Economia Criativa – Ideias Que Geram Lucro

Pernambuco, junto com o Rio de Janeiro, se destaca como polo de desenvolvimento de experimentos e iniciativas econômicas que geram renda a partir do capital intelectual.
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Publicado em Sun Dec 18 18:09:00 UTC 2011 - Edição 689

          Quando os portugueses aqui chegaram, tiveram uma grande decepção. Não encontraram uma sociedade organizada em estruturas produtivas, como na Índia do Oriente ou nos portos das Molucas, do Ceilão, de Macau, Timor, Nagasaki. Todos entrepostos comerciais ricos em commodities. A descoberta do Brasil gerou outro desafio para a já empreendedora cultura portuguesa: o de criar uma sociedade produtiva e geradora de riquezas para a metrópole.
          Somos herdeiros desse desafio. Somos um modelo único de civilização. Uma civilização criada por núcleos familiares. Famílias foram transportadas para o Brasil com o objetivo de criar um ambiente economicamente viável de relação industrial/comercial no inóspito ambiente tropical. Um duplo desafio. Um inédito desafio para qualquer europeu fora do seu território, mas não um impedimento ao cidadão empreendedor do mercantil império português.
          Sem referências anteriores, esses bravos europeus vieram se juntar aos habitantes nativos — experientes e adaptados ao meio ambiente —, e, no momento seguinte, vieram os bravos e inteligentes africanos — resistentes fisicamente ao meio ambiente e possuidores de cultura social superior ao próprio ibérico —, criando um novo ser, uma metarraça — o brasileiro. Adaptativo. Improvisador. Criativo. 
          A necessidade de adaptar-se ao meio criou características marcantes nessa sociedade tropical. Hoje, os conceitos econômicos modernos parecem convergir para um já existente modelo brasileiro, rico em experiências econômicas, boas e más. Mas, acima de tudo, um modelo de experiências.
          Considera-se economia criativa toda iniciativa econômica que gera renda a partir do capital intelectual. Não me parece nenhuma novidade. E certamente não é. A novidade é a desvinculação da rigidez econômica — e sua análise restritiva e cartesiana — em prol do processo criativo, característica forte da cultura brasileira. 
          Não são poucas as iniciativas brasileiras de sucesso global que se encaixam nesse segmento — a meu ver, nem se trata de um segmento, mas do todo. O segmento seria a economia tradicional — Na moda, na gastronomia, no design, na produção de software, na música, no entretenimento, o Brasil vem se destacando como referência e conduz o mundo para novos desafios de sustentabilidade.
          Sua relação com o meio ambiente, sua indústria naval e pesada, a produção de petróleo offshore, a Tecnologia da Informação e da Comunicação do século XXI são todos desafios criativos para a nossa sociedade moderna. Ligada a grupos tradicionais e fortes da nossa economia, nem de perto refletem a pujança do novo empreendedor que nasce na academia do século XXI e que hoje emprega e distribui renda numa proporção nunca vista no Brasil. Esse empreendedor encontra-se nas cidades, é jovem, preparado, gosta de correr risco, é questionador, desvinculado (ou menos vinculado) às tradições mais duras e ousado para crescer e se afirmar como empresário de sucesso. É o mais puro empreendedor brasileiro. Repleto de experiência social e livre das amarras da tradição. 
          Recife, e, portanto, Pernambuco, que jamais ficou de fora desse desafio empreendedor tropical, destaca-se, junto ao Rio de Janeiro, como polo de desenvolvimento de experimentos de economia criativa. Possuímos o mais importante e inovador polo tecnológico do Brasil, o Porto Digital, que sempre surpreende e antecipa as tendências tecnológicas. Somos o maior polo gastronômico do Norte-Nordeste, o segundo do Brasil. O mais empreendedor polo turístico do País, representando a melhor taxa de ocupação hoteleira das capitais. Sem contar que possuímos a mais rica fauna de empreendedores do Nordeste, região que mais cresce e melhor se adapta aos desafios do mundo global em crise. A inteligência está fazendo a diferença.
          Não são poucas as iniciativas de apoio a esse novo modelo de desenvolvimento. Ministérios, secretarias estaduais e municipais se juntam para apoiar o jovem empreendedor criativo a firmar-se como agente de desenvolvimento do Estado. O Ministério da Cultura lançou seu plano de apoio à economia criativa, o Estado de Pernambuco já visualiza o horizonte, a Prefeitura do Recife inicia seus grupos de trabalho, o Sebrae e o BNDES também. É característica marcante dessas iniciativas, a colaboração. 
          Somos ousados, inovadores e persistentes. Acreditamos no sucesso coletivo, na integração e na complementaridade entre os segmentos econômicos. Precisamos agora unificar o pensamento e marcar o nosso DELTA ZERO. 


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