Coluna

|Gestão de Negócios - Dicas Financeiras

Coluna

|Gestão de Negócios - Dicas Financeiras

Veja por autor

Empresas Buscam Financiamento para Fugir de Dívidas. Qual a Melhor Alternativa?

whatsapp linkedin
Publicado em Sun Aug 21 15:40:00 UTC 2005 - Edição 360
 Com a elevada taxa de juros no mercado brasileiro, as empresas estão se endividando cada vez mais para conseguir empréstimos na modalidade de capital de giro, fazendo com que o setor privado prefira buscar outras alternativas de financiamento. Num cenário de taxas de juros menores, os títulos públicos se tornariam menos atraentes, e a emissão de títulos privados, mais interessante. Esse segmento já atingiu cifras inéditas este ano, chegando a 25,4 bilhões de reais. Ano passado, foram emitidos, ao todo, 9,6 bilhões de reais em debêntures e, em 2003, foram outros 5,3 bilhões de reais. Esses dados são da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Para as empresas que emitem debêntures, essa é uma forma mais barata de captar recursos, se comparada a créditos bancários. Hoje, a Taxa Selic de 19,75% é ruim para os investidores, e a participação do Brasil no mercado financeiro apresenta queda. Diante desse quadro, o Doutor em Contabilidade e Controladoria pela FEA/USP e professor de Gestão Financeira do curso de Pós-graduação da Faculdade Boa Viagem, Maurício Ribeiro do Valle, afirma que, hoje, as aplicações em títulos públicos são predominantes no Brasil, equivalendo a 37% da composição das finanças brasileiras, contra 18% das finanças internacionais. “Não havendo essa atração para investidores, a emissão de títulos privados torna-se mais interessante”, diz. No entanto, o financiamento via debêntures, apesar de crescente, é restrito para poucas empresas.

Para as pequenas e médias empresas, os financiamentos atrelados a carteiras de recebíveis vêm se constituindo uma alternativa interessante. Há empresas que vêm conseguindo se financiar a partir de operações estruturadas e lastreadas nas contas a receber dos seus clientes. Essa alternativa pode funcionar da seguinte forma: a empresa cria uma carteira de recebíveis; esses recebíveis (direitos creditórios) são transferidos a um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios, o chamado FIDC, que emite cotas e capta recursos junto a investidores qualificados. Os fundos captados retornam à empresa originadora dos recebíveis (veja Resolução 2.907 do Banco Central do Brasil).

Em termos conceituais, no fundo, o que começa tomar corpo e crescer no Brasil são as formas titularizadas de financiamento. Tanto as operações de debêntures como as realizadas através dos FIDCs possuem essa característica. O entrave para o seu pleno desenvolvimento ainda continuam sendo as altas taxas de juros. Como o custo de oportunidade do dinheiro no Brasil é muito alto, dado a sua referência na Taxa Selic, todas as alternativas de financiamento no mercado doméstico ainda são caras, o que exige da empresa uma precisa administração do seu custo de capital total e do retorno dos seus ativos.

Ainda segundo ele, as empresas brasileiras devem começar a se preparar para investimentos a médio e longo prazos. A tendência é a expansão da economia, no próximo trimestre, estimulando as empresas a recorrerem ao financiamento para reduzir dívidas e gerar capital de giro. O professor Maurício do Valle alerta que um bom começo para que essas empresas comecem a se preparar para um novo cenário é aplicar políticas de administração, como, por exemplo, “ter boas práticas de governança, transparência na relação com investidores e com os bancos e excelente contabilidade”.

Rede Gestão