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A Ascensão do E-Book

Com a popularização dos tablets, a tecnologia criada na década de 1970, que ganhou força nos anos 1990, se dissemina e alimenta a discussão sobre a sobrevivência do livro impresso.
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Publicado em Tue Jan 03 17:50:00 UTC 2012 - Edição 691

A Forma de Leitura das Novas Gerações

          O livro eletrônico, ou e-book, que nada mais é que um arquivo digital contendo uma determinada publicação exibida em um computador ou outro equipamento específico, já não é um lançamento tecnológico tão recente, apesar de ter alcançado maior visibilidade apenas nos últimos quatro anos. 
          Seu projeto de criação vem do início da década de 1970, mas, na prática, essa revolução do papel só ganhou força a partir da década de 1990, com os primeiros programas especializados para os e-books. Em 1993, é lançado o primeiro livro digital e, nesse mesmo ano, a loja virtual Amazon começa a vender o novo produto pela internet. A partir daí, várias soluções foram lançadas para popularizar essa nova maneira de ler. Hoje, é possível receber até o jornal do dia no tablet ou no computador. Uma mudança que altera não só a forma de leitura, mas de compra, passando pela entrega até o manuseio do próprio jornal. 
          Os atributos do e-book, como ser compacto (vários volumes de publicações num arquivo que pode ser usado em um aparelho pequeno e leve), prático (pode-se adquirir praticamente qualquer tipo de publicação de onde a pessoa estiver) e de baixo custo (bem menor que as publicações tradicionais), são um forte apelo para sua adoção em larga escala. Para se ter uma ideia de sua força, na loja virtual da Apple, a iBookstore, já foram baixados mais de 180 milhões de e-books (e o Brasil nem está nessa lista).
          O hábito milenar de manusear o papel para leitura ainda deve perdurar durante um bom tempo, mas, ao que tudo indica, as novas gerações verão essa antiga prática como algo antiquado e ineficiente.

 


Nova Tecnologia Exige Mudança de Hábitos

          Hoje, costumamos utilizar a tecnologia para qualquer coisa. Há pouco tempo, isso era bem diferente. Muitas das ferramentas e acessórios que usávamos ou atividades que exercíamos não precisavam — e nem sentíamos falta — de tanta tecnologia. Agora não imaginamos ficar sem.
          Naturalmente, essas mudanças iriam chegar, um dia, aos hábitos da leitura. A prática de folhear livros (com direito a rabiscar e destacar textos), receber o jornal todo dia logo cedo e as revistas por correspondência, com o tempo, vai ficar cada vez mais rara. E não precisa ir muito longe para acreditar que isso acontecerá. Quem se lembra daquelas enciclopédias extensas e pesadas? A internet ajudou a extingui-las.
          Aos poucos, o e-book está substituindo os impressos. Algumas de suas vantagens: (a) portabilidade: podemos levar uma verdadeira biblioteca em nossas mãos para onde quisermos; (b) interatividade: textos, vídeos e áudios, tudo num só local para complementar os conteúdos — além disso, podemos gravar anotações e destacar textos —; e (c) otimização de espaço nas prateleiras. Sem contar que imprimir menos papel contribui para a preservação do meio ambiente.
          No último mês de novembro, a Editora INTG lançou a primeira versão eletrônica de um de seus livros: Gerente em Ação – Remodelagem Estratégica da Gestão, de autoria dos consultores Cármen Cardoso, Fátima Guimarães e Francisco Carneiro da Cunha.
          O maior desafio dos leitores será a mudança do hábito de ter que pegar em folhas de papel. Quando isso acontecer, certamente, com pouco tempo, daremos vez a (e faremos questão de ter) essa tecnologia em nossas vidas.
 

Tiago Siqueira,
consultor, superintendente e diretor de Publicações do Instituto da Gestão (INTG),
instituição integrante da Rede Gestão.
([email protected])

 

Práticos, Úteis e Belos

          Não acho que os livros impressos precisem de fato de tanta defesa. São defensáveis por si mesmos. Também não acho que os livros digitais precisem de defesa (no momento, essa defesa aparece sob a forma de propaganda, afinal estão sendo feitos investimentos que necessitam dar retorno financeiro). O cenário que temos hoje é bem típico de uma era de transição. Por isso, não é demais lembrar a história da tecnologia e ter em mente que os nossos hoje onipresentes automóveis também tiveram a sua fase de “carruagem sem cavalo”, isto é, situavam-se num quadro de referências que remetiam ao passado mais imediato. Nesse sentido, não serão os livros digitais uma outra coisa que não exatamente livros? Parece-me que sim. Além disso, se dependem da tecnologia eletrônica e dela são fruto, só há que saudá-los com entusiasmo pelos recursos que oferecem: praticidade, interatividade, indexações mais precisas, etc. Por sua vez, os livros impressos se, por um lado, são “desconectados” ou não dependentes (pelo menos diretamente) da tecnologia eletrônica, por outro continuam a nos oferecer, a seu modo, um espetáculo irretocável, pois, como disse o semiólogo Umberto Eco, “um livro é dessas invenções que não podem ser reinventadas, assim como a roda e a bicicleta”. Enfim, não vejo uma luta entre o impresso e o digital. Vejo que conviverão e se provocarão mutuamente. Características ou tipos atuais de uns e de outros se perderão no caminho, mas o que for prático, útil e belo permanecerá em ambos.

Paulo Gustavo,
escritor e sócio-fundador da Consultexto,empresa integrante da Rede Gestão.
([email protected])


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